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sábado, 4 de junho de 2016

Relógios & Canetas online Junho - Editorial - A compra da Frédérique Constant pela Citizen


Já está disponível, aqui e aqui a edição de Junho do Anuário Relógios & Canetas online. As complicações sonoras estão em particular destaque.

Editorial

A compra da Frédérique Constant pela Citizen

Fernando Correia de Oliveira

As exportações relojoeiras suíças estão a diminuir desde há um ano. Um franco forte, uma quebra na procura asiática, o aparecimento de novas tecnologias como o smartwatch, o acumular de stocks gigantescos nos pontos de venda e nas fábricas, devido a uma sobreprodução durante anos, fazem algumas cassandras falar da Tempestade Perfeita.

Mas, aparentemente, isso não assustou o maior grupo relojoeiro japonês. A Citizen acaba de comprar o grupo Frédérique Constant (que detém também as marcas Alpina e Atelier deMonaco). O Grupo Citizen já tinha adquirido em 2012 a manufactura de calibres La Joux-Perret e as suas marcas subsidiárias Arnold & Son. Depois, comprou a Bulova.

Agora, ao comprar o Grupo Frédérique Constant, por uma soma da ordem dos 80 milhões de francos suíços, segundo fontes bem informadas do sector, o Grupo Citizen protagoniza a mais inesperada mudança de propriedade dos últimos anos na indústria relojoeira helvética.

Com esta aquisição, a Citizen reforça-se no seio dos relógios Swiss Made. Desde há anos que se notava alguma inércia da Citizen face aos seus concorrentes nipónicos - a Seiko e a Casio. Agora, ao adquirir um dos mais dinâmicos grupos no segmento da relojoaria média - a Frederique Constant foi fundada em 1988 pelo casal holandês Peter e Aletta Stas e estava a crescer a um ritmo de 25 a 30 por cento ao ano - a Citizen, pode dizer-se, volta à boca de cena, com "estrondo".

Nos bastidores da indústria relojoeira suíça, além da surpresa, grassa alguma incomodidade. O casal Stas, holandês, nunca foi plenamente aceite pelo establishment relojoeiro helvético, sendo considerados parvenues sem tradição. Com esta venda aos japoneses da Citizen, a popularidade dos Stas não terá aumentado... Como que justificando a venda, o casal emitiu um comunicado. Diz que os dois filhos, Piet-Jan e Eline, estão mais interessados em, respecitvamente, energia sustentável e medicina.do que em dar continuidade ao negócio familiar.

Assim, para assegurar o futuro de 170 trabalhadores e a produção de 150 mil relógios por ano, os Stas decidiram ceder o capital à Citizen. Mas, durante os próximos cinco anos, pelo menos, serão eles a continuar à frente dos destinos da marca que fundaram há um quarto de século, juntando os nomes do avô de cada um.

Da última vez que houve aquisições externas desta monta na indústria relojoeira suíça, elas foram protagonizadas por capital chinês: o grupo China Haidian adquiriu em 2011 a marca e fábrica de calibres Eterna e, em 2012, compraria a Corum por 80 milhões de francos.

Aparentemente, para o Oriente, de onde veio o quartzo e os relógios baratos, a relojoaria mecânica tradicional, continua a ter futuro…

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