Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

A daily stopover, where Time is written. A blog of Todo o Tempo do Mundo © / All a World on Time © universe. Apeadeiro onde o Tempo se escreve, diariamente. Um blog do universo Todo o Tempo do Mundo © All a World on Time ©)

quinta-feira, 30 de junho de 2016

Janela para o passado... há 30 anos, as blusas de Vila Faia


Anúncio La Chemise Caroline, exclusivo Daisy - "as blusas que vestiram as artistas" da telenovela Vila Faia

Meditações - sentados na sela do presente

From an objective point of view, the present flips into the future in an instant. There is the past and the future, but the present isn’t really there. But from a subjective point of view, there is an extended present, and we’re sitting on that like it’s a saddle.

Corinna Loeckenhoff

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Janela para o passado... Há 30 anos, Volvo


Anúncio Volvo / Auto-Sueca, 1982

Chegado ao mercado - relógio Bell&Ross BR-X1 Hyperstellar


Bell&Ross BR-X1 Hyperstellar. Cronógrafo automático, mostrador esqueletizado. Caixa de 45 mm, de titânio e alumínio anodizado azul, com inserções de borracha. Design inspirado na indústria espacial. Estanque até 100 metros.

Meditações - montado no presente, olhando nas duas direcções do Tempo

The practically cognized present is no knife-edge, but a saddle-back, with a certain breadth of its own on which we sit perched, and from which we look in two directions into time.

William James

terça-feira, 28 de junho de 2016

Janela para o passado... há 30 anos, Avis


Anúncio Avis, 1982

Há 190 anos... Daniel Dufner, relojoeiro francês, chega a Lisboa

Daniel Dufner, Relojoeiro, francês, entrava em Lisboa, a 25 de Junho, a bordo do bergantim Fetizia, proveniente do Havre

Breve na Gazeta de Lisboa de quarta-feira, 28 de Junho de 1826

Meditações - velhice e conformismo

[...] feeling disconnected from our past and future selves could lead to poor decision-making regarding things like finances and health care. On the other hand, a greater sense of self-continuity might make one less susceptible to such issues, but at the same time more resistant to making necessary changes in health behavior. For example, older adults’ high levels of self-continuity could lead them to accept treatable conditions as a permanent part of their identity.

Tom Fleischman

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Janela para o passado... há 30 anos, Bank of London & South America


Meditações - viver um presente suspenso

There are considerable differences in self-continuity across people [...]. Perhaps most interestingly, [...] older adults are more likely to view themselves as living in an extended present as opposed to younger adults who tend to live a temporary state suspended between a distant past and an unknown future.

Tom Fleischman

domingo, 26 de junho de 2016

Janela para o passado... há 30 anos, Atlantis


Anúncio Atlantis, 1982

Meditações - emergir do passado, deslizar para o futuro

[...] self-continuity decreases fairly quickly as one thinks a few months into the past or future, but continues to drop off—albeit more gradually—for longer intervals. We see ourselves [...] as gradually emerging from the past, then slowly slipping away into the future.

Tom Fleischman

sábado, 25 de junho de 2016

Janela para o passado - máquina de calcular Master, 1948

Meditações - ligando o passado ao futuro

[...] past and future self-continuity are symmetrical—that is, people who feel more similar to their past are also more connected to their future.

Tom Fleischman

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Chegado(s) ao mercado - relógios Vostok Europe Lunokhod


Para este Verão, a Vostok Europe apresenta dois novos modelos - cronógrafos com data numa caixa de aço estanque até 300 metros e válvula de hélio. Os dois novos modelos pertencem à gama Lunokhod da marca e têm a referência 6S21-620E277 (caixa em preto) e 6S21-620E277 (caixa em azul).

Em ambos os casos os relógios são comercializados numa “dry box” igualmente resistente à água e que inclui duas braceletes (pele e borracha de silicone) e ferramenta para a sua substituição.

Estes cronógrafos são os primeiros Lunokhod a optar pelo calibre Citizen/Miyota 6S21 que a marca já usava noutras gamas e cujo ponteiro dos segundos do cronógrafo possui um deslocamento suave, de 4 "beats" por segundo, como num relógio mecânico.

Além disso, é também a primeira vez que a marca utiliza um acabamento em PVD azul, na referência 6S21-620E277.

Todos os Lunokhod são acompanhados de um relatório de testes que certifica a sua estanquecidade até 300 metros de profundidade. Estão munidos de válvula de hélio, luneta rotativa unidirecional, iluminação de ponteiros e índices através de tubos de trítio (que brilham permanentemente sem necessidade de serem antecipadamente iluminados) e mostrador protegido com vidro mineral K1 com 3,5mm de espessura.

O PVP sugerido é de 679€ para a variante 277 e de 769€ para a referência 278. Preços completos da gama aqui.



Num relógio para utilização em grandes profundidades, a válvula de hélio tem um papel extremamente importante, nomeadamente para profissionais que trabalhem com sinos de mergulho. Apesar de o relógio ser totalmente resistente à água, existe a possibilidade de que os átomos de hélio (muito mais pequenos do que as moléculas de água) usados na mistura do gás de respiração, penetrem na caixa – hélio esse que irá ter a mesma pressão da água à profundidade a que o relógio está a ser usado. Caso o processo de descompressão do mergulhador termine sem que o hélio tenha tido tempo de evaporar do relógio, a diferença de pressão entre o interior e o exterior do relógio pode danificá-lo. A válvula mecânica unidirecional que equipa todos os Lunokhod destina-se a evitar este fenómeno, libertando automaticamente o hélio e equalizando a pressão interna do relógio com a pressão atmosférica à superfície, protegendo assim o seu movimento.

Janela para o passado - automóveis Renault, 1935

Revista Turbilhão com reportagem sobre os relógios Zenith no encontro de carros clássicos de Jarama


A revista Turbilhão inclui no seu mais recente número uma reportagem nossa sobre o encontro de carros clássicos, em Jarama, Madrid, de que os relógios Zenith foram Cronometrista Oficial.

Meditações - saudades do futuro

Como excelente medida,
vivamos sempre a pensar
que o melhor da nossa vida
ainda está por chegar!

João de Castro Nunes

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Janela para o passado - rádio Atwater Kent, 1935

Futebolista japonês Shinji Kagawa embaixador dos relógios TAG Heuer


O futebolista japonês Shinji Kagawa é o mais recente embaixador dos relógios TAG Heuer. Elemento da seclecção nacional nipónica, Kagawa é o primeiro japonês a ter jogado tanto na Premier League inglesa (Manchester United) como na Bundesliga alemã (Borussia Dortmund). No pulso, para a usar um cronógrafo automático da manufactura, o TAG Heuer Carrera Calibre Heuer-01.

Avião Solar Impulse (apoiado pelos relógios Omega) atravessa o Atlântico em viagem histórica e cheia de recordes


Na sua volta ao mundo, o avião movido a energia solar Solar ar Impulse 2 (Si2), dos exploradores suíços Bertrand Piccard (que esteve na cabine nesta etapa) e André Borschberg, acaba de aterrar em Sevilha, depois de um voo de três dias e três noites sobre o Atlântico (71 horas e 8 minutos), sem usar combustíveis fósseis. Foram batidos vários recordes do mundo.

O voo transatlântico de 6.765 km confirma a viabilidade da tecnologia do Si2, que partiu de Nova Iorque a 20 de Junho, fez uma altitude máxima de 8.534 metros, a uma velocidade média de 95,10 km/h.

A primeira travessia do Atlântico por um avião movido apenas a energia solar - um recorde inédito só por si - bateu outros recordes à espera de homologação por parte da FAI: distância e altitude para veículos movidos apenas a electricidade.

O projecto de volta ao mundo num avião a energia solar é apoiado, entre outros, pelos relógios Omega.

Da organização:

In addition to being an aeronautical first, the Solar Impulse project was conceived as a now widely recognized platform to raise public awareness and encourage political actions in favor of clean technologies. To take the ambition a step further, Bertrand Piccard and André Borschberg announced, on the third day of the transatlantic flight, the intention of creating the International Committee of Clean Technologies.

The landing in Spain was welcomed by the Eagle Patrol of the Spanish Air Force. The mission will now continue onward to Abu Dhabi in the United Arab Emirates where the adventure started in March 2015.

By flying around the world with no fuel, Bertrand Piccard and André Borschberg are demonstrating that today exploration and pioneering are no longer about conquering new territories, but about exploring new ways to have a better quality of life on Earth.

Solar Impulse’s technologies can already be used on the ground, and have the potential to change individual habits, societies and markets in an unprecedented way.



Flight report: Leg 15 – John F. Kennedy International Airport, (NY) to Seville International Airport Pilot: Bertrand Piccard, Initiator, Chairman, and pilot of Solar Impulse Take-off: 2:30am local time New York, NY on 20 June 2016 (6:30am UTC on 20 June 2016) Landing: 7:38am local time Seville, Spain on 23 June 2016 (5:38am UTC on 23 June 2016) Flight time: 71 hours and 8 minutes Maximum altitude: 28'000 feet (8'534 m) Average speed: 59 mph (95.10 km/h) Flight distance covered: 6'765 km (4'203 miles)

Fundação da Alta Relojoaria define critérios e lança White Paper sobre este segmento da indústria


A Fundação de Alta Relojoaria (FHH no acrónimo em francês) acaba de editar um White Paper sobre aquilo que considera serem os critérios de Alta Relojoaria. O organismo, com sede em Genebra, divide as marcas relojoeiras seleccionadas em quatro categorias: Casas Históricas, Marcas de Luxo, Marcas Contemporâneas e Artesãos Criadores. Em cima, as marcas que passaram pelo crivo da Fundação e que foram consideradas dignas de entrar para o clube da Alta Relojoaria.

Para a realização deste White Paper, que demorou quase três anos a elaborar, a Fundação recorreu ao seu Conselho Cultural, composto por 46 peritos internacionais e independentes, e que trabalharam pro bono.


 
Para uma marca ser considerada de Alta Relojoaria, tem que ter uma identidade forte, autenticidade, diferenciação / originalidade, legitimidade e respeitar a ética empresarial.

Revista Turbilhão - Artigo sobre os novos materiais em relojoaria


Já saiu a Turbilhão! Neste número, temos um artigo sobre a Relojoaria e os Novos Materiais.

A saga dos novos materiais, das inéditas misturas

Alquimia relojoeira

Fernando Correia de Oliveira

Há quem diga que a batalha actual no mundo da Alta Relojoaria não está tanto na exactidão - um relógio de quartzo, barato, será sempre mais exacto que um mecânico; ou nas complicações – começam a banalizar-se: um turbilhão de fabrico suíço já pode custar menos de 15 mil euros… A batalha, dizem os entendidos, está agora na descoberta, criação e utilização exclusiva de novos materiais. Afinal, isso tem sido uma tradição ao longo de toda a história da Relojoaria.

Começamos por uma efeméride – comemoram-se em 2016 os 120 anos da descoberta da liga conhecida como Invar. Este material notável, que conserva a forma e quase não reage às mudanças de temperatura valeu ao seu inventor, o suíço Charles-Edouard Guillaume, o Prémio Nobel em 1920, o primeiro alguma vez a ser distinguido por um avanço metalúrgico. Considerando o material que tinha inventado “invariável” quanto a expoansão face a fontes de calor, baptizou-o de “Invar”. O Invar passou a ser usado primeiro nas hastes dos pêndulos, depois nas espirais, o coração de qualquer relógio mecânico, contribuindo para a melhoria significativa do seu isocronismo. Ao longo dos 120 anos seguintes, e sempre aperfeiçoando o “efeito Invar”, a indústria relojoeira desenvolveu uma série de ligas à base de níquel (36%) e ferro (64%), que são igualmente usadas em semicondutores, televisão, tecnologia informática, indústria aeroespacial e transporte criogénico (de gás natural). O último dos avanços é o chamado Siuper Invar “32-5”, uma liga de ferro, níquel e cobalto, que consegue ter metade da expansão do primitivo Invar.

O aço inoxidável

Do “coração” passamos à “pele”. Estamos a falar, claro, das caixas. Nos relógios de bolso, e depois nos de pulso, foi primitivamente usado ferro / aço (que enferruja rapidamente, em contacto nem que seja com o suor da pele), bem como outros metais, puros ou em liga. Mas o grande salto dá-se quando a relojoaria começa a usar o aço inoxidável “stainless” em inglês – significando “sem manchas”). E, aqui, entramos num mundo mais vasto que do que há primeira vista se possa imaginar – existem mais de 150 tipos de aço inoxidável, das quais 15 são as mais usadas. Na chamada série 300 dos aços inoxidáveis, o melhor é o 304, onde entra crómio a 18% e níquel a 8%. É muito caro de obter. O segundo em qualidade é o 316, e que resiste especialmente à corrosão (daí chamar-se também aço de grau marinho). Tem 18% de crómio e 10% de níquel. Este é o aço usado pela maioria das marcas suíças e por outras boas marcas internacionais. Mas os relógios mais baratos, feitos sobretudo na Ásia, usam aço de mais fraca qualidade, por vezes com composições que podem até provocar alergias.

O ferro macio

Um dos grandes inimigos da relojoaria mecânica são os campos magnéticos. Mesmo campos fracos podem fazer parar um relógio. Cujo mecanismo pode ficar magnetizado, perdendo assim as suas propriedades isócronas. A roda de balanço e a espiral, sujeitas a campos magnéticos, tendem a reduzir a frequência, deformam-se. Só uma desmagnetização de todo o calibre faz voltar o relógio ao comportamento normal. Uma das maneiras que os relojoeiros usaram para proteger o calibre foi a de envolvê-lo numa segunda caixa interior feita do chamado ferro macio, ou “soft iron”, em inglês. A principal propriedade deste material é a de magnetizado, perder rapidamente essa magnetização, não deixando, ao mesmo tempo, que as ondas magnéticas passem por ele. O ferro macio contém silício e alumínio, numa liga que tem, claro, o ferro, muito puro, como base.


O silício

Outra maneira de impedir que um calibre se magnetize é fazer com que ele seja composto por materiais amagnéticos. Entra o silício em cena. E começa a grande confusão, em língua portuguesa… O silício (do latim, sílex ou “pedra dura”) é um elemento químico que existe na natureza, em estado sólido à temperatura ambiente. Foi descoberto pelo químico sueco Jöns Jacob Berzelius, em 1823.

O silício é o segundo elemento mais abundante na crosta terrestre, perfazendo mais de 28% de sua massa. Aparece na argila, feldspato, granito, quartzo e areia, normalmente na forma de dióxido de silício (também conhecido como sílica) e silicatos (compostos contendo silício, oxigênio e metais). O silício é o principal componente do vidro, cimento, cerâmica, da maioria dos componentes semicondutores e dos silicones, que são substâncias plásticas muitas vezes confundidas com o silício.

E então, de onde vem a confusão? Em inglês, o silício diz-se “silicon”. Usado nos transístores e outros semiconditores da indústria electrónica, entrou no nome “Silicon Valley”, zona da Califórnia onde a revolução tecnológica tem ocorrido nos últimos 30 anos. Nas traduções, aparece por vezes como “silicone”, coisa que em português faz logo lembrar implantes mamários ou isolantes para janelas e portas…

De qualquer modo, o silício começou a ser usado, há pouco mais de dez anos, nas espirais ou nas pedras dos escapes, devido à sua natureza amagnética e bom comportamento face a mudanças de temperatura. Além disso, não carece de lubrificação.

O vidro de safira

De uma confusão, para outra… Em 1902, o químico francês Auguste Verneuil devenvolveu um processo para a produção sintética de cristais de safira. O método foi aperfeiçoado em 1916 pelo químico polaco Jan Czochralski. Sem entrar em pormenores, a safira sintética pode ter uma cor transparente, ligeiramente azulada, mas semelhante ao vidro.

O vidro de safira é muito resistente ao risco e ao choque (grau 9 na escala de dureza de Mohs, onde o máximo é 10, para o diamante), protegendo ainda contra os raios ultra-violeta. Logo, a indústria relojoeira, que começou por usar vidro simples e depois plástico (Plexiglas, por exemplo), viu no vidro de safira uma boa solução. Mas cara. Assim, enquanto as marcas de baixo preço continuam a usar vidro simples (sílicio derretido, com chumbo), as de alta gama usam hoje vidro de safira. Com a moda dos calibres à vista, também passaram a usar esse material no verso. Em muitos casos, com pelíocula de revestimento anti-reflexo por dentro e por fora. Além da resistência aos riscos, dado que não deixa passar os raios ultra-violeta, o vidro de safira protege também a cor original dos mostradores.

Então onde está a confusão? Em inglês, vidro de safira diz-se “saphire christal”. Tudo ok. Mas, em espanhol, passa a “cristal de safiro”. Como, cada vez mais, as marcas mandam para o mercado português a comunicação a partir de Espanha… muitos no sector nacional passaram a designar o vidro de safira como “cristal de safira”.

Luz no escuro

Para resolver o problema de tornar visíveis as horas em todas as condições, a relojoaria, principalmente a militar, usou desde o final do século XIX, nos relógios de bolso e cabeceira, primeiro; nos de pulso, depois, materiais que “brilham no escuro”

Assim, na década de 1900 começaram a surgir não apenas ponteiros e indexes, mas mostradores inteiros cujas superfícies usavam rádio-226. Numa altura em que não se sabia que este elemento é altamente venenoso, graças às radiações que emite.

A indústria relojoeira desses tempos tinha-se industrializado mais rapidamente nos Estados Unidos, com grandes linhas de montagem, e que empregavam sobretudo mulheres. Há todo um capítulo dramático de saúde pública, com as chamadas “Radium Girls”. Estas operárias pintavam os mostradores à mão, mergulhavam de quando em vez o pincel na boca, para facilitar a operação, ingeriam rádio, ficavam desfiguradas nos maxilares. A osteonecrose induzida por rádio foi reconhecida só em 1925 como doença profissional. O rádio tem uma semi-vida de 1.600 anos, pelo que relógios com esse elemento nos mostradores, mesmo que tenha perdido a capacidade de brilhar no escuro, não perdeu a radioactividade. É, pois, de ter muita cautela ao manusear esses relógios, evitando respirar as micro-partículas que possam libertar-se de um mostrador centenário… Se o seu relógio data de antes de 1950 e tem propriedades luminescentes, o mais provável é que contenha rádio.

Luminova, trítio

A maioria dos relógios actuais usam materiais não radio-activos como sejam SuperLuminova, Luminova, Lumibrite, etc. Depois de “carregados” por uma fonte luminosa, eles emitem durante algumas horas uma aura de luz, devido a pigmentos luminescentes.

Estes pigmentos luminescentes têm uma longa história. Os chineses, há 2 mil anos, já sabiam das propriedades fotoluminescentes de determinados jades, usando-os como ornamento em objectos de grande valor, dada a sua raridade.

A primeira tinta luminescente terá sido inventada no Japão, há cerca de mil anos, feita a partir de conchas mistruradas com material vulcânico. Pinturas luminescentes eram artigos apreciados a partir de então pelas sociedades chinesa e japonmesa.

No século XVIII, o inglês John Canton preparou um pigmento luminoso a partir de conchas reagindo com enxofre. No final do século XIX, os relojoeiros suíços começaram a usar nos mostradores com tinta luminescente natural, usando a mesma técnica que os japoneses.

O primeiro material sintético luminescente apareceu em Itália, no século XVII, sob o nome de “Pedra de Bolonha” ou “Esponja de Luz”. Era composto por sulfido de bário. A indústria foi explorando o tema e conseguiu cehgar a uma liga de sulfido de metal (zinco com cobre). Mas a luminosidade era fraca e durava apenas umas duas horas. Esse material ainda é hoje usado em brinquedos e relógios baratos. Decompõe-se facilmente, durando pouco.

Finalmente, há uns 20 anos, um pigmento fotoluminescente (absorve fotões. Libnertando-os depois gradualmente), feito à base de um aluminato misturado com terras raras, apareceu no mercado, sendo hoje usado pelas marcas de relógios mais exigentes.

Já a iluminação por trítio usa a forma gasosa deste isótopo radioactivo de hidrogénio, fechado em cápsulas de vidro. A luz fluorescente é criada através de um processo radioluminescente. Luzes de emergência, além da relojoaria, usam o gás de trítio. De qualquer fiorma, também aqui se coloca a questão da radioactividade, embora mais fraca do que a do rádio-226

PVD versus DLC

Alguma controvérsia tem surgido nos últimos anos sobre dois processos de revestimento das caixas de relógios – PVD ou DLC, qual o melhor? O DLC (Diamond Like Carbon) é uma das formas de revestimento por processo PVD (Physical Vapor Deposition). Por outras palavras, o PVD seria o pincel e o DLC a tinta. Dito isto, o DLC é a mais duradoura e resistente a riscos forma do processo de PVD. Assim, quando uma marca relojoeira reivindica uma cobertura PVD para as suas caixas é porque ela não é DLC, muito mais cara que as outras. Mas o DLC tem até agora limitações de cor – é cinzento escuro, enquanto a cor da moda – o negro, só pode ser conseguido através de outros processos PVD.

Titânio

Há muitas ligas de titânio, um material que não existe na Natureza. O mais conhecido é o Grau 5. Usado primeiro na aeronáutica, em mísseis, desde há uns 30 anos que é usado em caizas de relógios. Custa 50 vezes mais do que um aço inoxidável normal, mas, como o nome indica, tem uma dureza cinco vezes superior. Pesa cerca de metade do aço e é praticamente impossível de corroer. Uma das poucas desvantagens é de se riscar com facilidade, pelo que a maioria das caixas de titânio têm revestimentos PVD ou DLC. Difícil de trabalhar, devido à sua dureza, o titânio exige ferramentas especiais, pelo que o preço do relógio se agrava com isso.

Fibra de carbono

Ao contrário do que se possa pensar, a fibra de carbono tem raízes no final do século XIX. Thomas Edison, por exemplo, usou fibras de carbono como filamentos para as suas primeiras lâmpadas. Eram feitas de materiais à base de celulose, como o algodão ou o bambu. Hoje, a fibra de carbono é um derivado do petróleo.

Edison usou a fiobra de carbono pelas suas qualidades condutoras de electricidade. Só nos anos 1950 se descobriram as propriedades de tensão e torsão. O Rayon foi uma das primeiras fibras de carbono modernas.

Muito mais leve que o aço, mais leve que o titânio, a fibra de carbono é mais resistente que estes dois. Também usada pela primeira vez na indústria espacial, passou ao sector automóvel, e depois à relojoaria. Resistente ao calor, amagnética, extremamente rígida, a fibra de carbono é um material ideal para as caixas de relógios.

As fibras de carbono têm sido dos materiais que mais evoluíram nos últimos anos, sendo consideradas um dos maiores feitos da engenharia do século XX.

A geração de fibra de carbono por justaposição de nano-tubos tem levado este material ao extremo da resistência. Em inglês, as Carbon nanofibers (CNFs), vapor grown carbon fibers (VGCFs), ou vapor grown carbon nanofibers (VGCNFs) são o estado da arte. Trata-se de nanoestruturas cilíndricas feitas à base de camadas de grafeno.

Uma marca recente, a Richard Mille, explora como nenhuma outra as propriedades desse material. Ao ponto de reverter uma verdade assumida durante séculos – quanto mais pesado um relógio, maior seria o seu valor… num Richard Mille, o preço vai subindo à medida que o peso diminui…

Cerâmicas

Entre os novíssimos materiais compósitos, está a mistura de fibras de carbono com uma base cerâmica.

Muitas marcas usam hoje cerâmicas para as suas caixas. A percursora foi a Rado, há 40 anos. Mas a Chanel, com o seu J12, trouxe a cerâmica para as bocas do mundo. As cerâmicas são uma das três grandes categorias de materiais – as outras são os metais e os polímeros. Os compósitos são uma mistura dos três.

Geralmente, as cerâmicas são sólidos inorgânicos (os polímeros são orgânicos) não-metais. Além do que se costuma considerar como cerâmica, o vidro, o diamante e a grafite estão também nessa categoria. A safira usada nos vidros dos mostradores é também uma cerâmica.

Trabalhar cerâmicas é extremamente difícil, é mais dura classe de material que se conhece. Uma das propriedades de uma caixa de cerâmica é que praticamente nunca será riscada. Três a quatro vezes mais dura que o aço, a cerâmica hight-tech é usada no revestimento por PVD ou DLC.

A indústria relojoeira usa cerâmica no que ainda hoje se chama de rubis (almofadas onde assentam eixos de rodas dentadas) ou nos rolamentos de esferas onde assentam os rotores dos calibres automáticos.

Amagnéticas, as cerâmicas mantêm inalterada a superfície, quase não fazem fricção, dispensam lubrificação.

A Hublot desenvolveu recentemente um compósito à base de cerâmica e ouro, o que torna este último muito mais duro e resistente.

Mais leves que o aço ou o titânio, as cerâmicas têm densidade semelhante à do alumínio. O senão da cerâmica é a fragilidade (duras, são pouco flexíveis) e partem com facilidade face a uma pancada. Mas, devido à sua resistência a altas temperaturas, são usadas nas turbinas dos aviões, nos travões dos automóveis.

Tal como o titânio, as cerâmicas são material quase inerte, não corroem e são hipoalérgicas. Desde que protegido de impactos, um relógio com caixa de cerâmica é indestrutível. Muitas caixas de outros materiais usam lunetas de cerâmica – combinam as propriedades de ambos: resistência ao risco, resistência ao choque.


A Comadur

Está na ponta da investigação e desenvolvimento a nível mundial no qiue respeita aos “materiais duros”. Os seus clientes estão sobretudo na indústria relojoeira. Falamos da suíça Comadur, uma empresa do universo Swatch Group, o maior do mundo do sector. A Comadur especializou-se em tecnologias e materiais que, nas suas próprias palavras, “expandem os limites do possível quando falamos de dureza, precisão e miniagturização”.

A Comadur cria e transforma os materiais maus duros que existem, á excepção do diamante: rubis, safiras, cerâmicas, cermetos (compósitos de cerâmica e metal) e magnetos (usando terras raras). Todos estes materiais são procurados pela indústria relojoeira não apenas devido às suas qualidades estéticas, mas também às funcionalidades que oferecem.

Virtualmente imunes à deterioração ou distorção, rubis, safiras e cerâmicas com alto teor de alumina pura são os materiais do futuro na relojoaria, mas também nas telecomunicações.

O caso Omega

Todos estes novos materiais são fruto de muitos anos de investimento em Investigação e Desenvolvimento. No seio do Swatch Group, a Comadur, numa economia de escala, colabora com todas as marcas do grupo na sua procura e aplicabilidade. Há marcas que conseguem, para elas próprias, a exclusividade patenteada do uso de determinados compósitos.

Um dos casos mais representativos é o da Omega, que tem sido pioneira em novas ligas de ouro e tecnologias cerâmicas. Hoje em dia, um relógio Omega reivindica o exclusivo de materiais como Liquidmetal®, Ceragold™, ouro Sedna™ ou Nivagauss™.

A Omega foi a primeira a conseguir decorar cerâmica com ouro de 18k. Assim, surgiu uma luneta de cerâmica com números e escala de ouro, misturando pela primeira vez os dois materiais.

A marca ligou a cerâmica a uma liga chamada Liquidmetal®, que tem uma baixa temperatura de fusão mas que, depois de arrefecer, é três vezes mais dura que o aço. Este material permite também cravar diamantes em lunetas de cerâmica e no verso das caixas de vidro de safira.

O ouro 18k Sedna™ da IOmega é uma liga de ouro (pelo menos 75%), cobre e paládio, que resulta numa cor avermelhada única e num material especialmente durarouro. O seu nome vem do planetoide Sedna, descrito como o mais vermelho do Sistema Solar.

Como já aqui fizemos referência, o magnetismo pode desregular ou fazer parar um relógio. Usando espirais de silício ou ligas como a Nivagauss™ e outros materiais não-ferrosos nos seus calibres, a Omega lançou recentemente a geração Master Co-Axial, capaz de resistir a campos magnéticos até 15 mil gauss.

As modas

Os novos materiais têm, geralmente, limitações estéticas – de cor, de forma. A onda de revivalismo actual fez renascer o Nylon nos braceletes, tipo NATO, tão populares nos anos 1960. Nos mostradores, o azul é o novo preto. Nas caixas, o velhinho bronze, tem feito mum regresso triunfal. Usando materiais clássicos, o Royal Oak, da Audemars Piguet, revolucionou em 1972 a História da relojoaria – apresentou o primeiro relógio desportivo, de aço, ao preço de um relógio de luxo.

Fazendo em 1980 a mistura da borracha no bracelete com o ouro da caixa, a Hublot foi pioneira nessa fusão de materiais nobres com outros que nem tanto. Nesse mundo da “iconoclastia”, os hoje vistos como loucos anos 1990 viram o luxo em relojoaria misturar aço com diamantes, aço com ouro. Por outras palavras, já não há mais nada para misturar de novo. Ou há? Os laboratórios de materiais compósitos irão continuar a surpreender, a dinâmica das misturas não tem fim à vista.

Relógios Hamilton presentes no filme O Dia da Independência: Nova Ameaça


O Dia da Independência: Nova Ameaça, segundo capítulo do realizador Roland Emmerich e novo blockbuster da 20th Century Fox, surge este Verão, vinte anos após o primeiro filme “O Dia da Independência”.  Os relógios Hamilton, com  grande tradição de presenças nas películas de Hollywood, estão lá com quatro modelos.

O piloto Jake Morrison, interpretado por Liam Hemsworth, utiliza um cronógrafo automático Hamilton Khaki X-Wind, com caixa de 44 mmm, de aço, com  indicações de dia, data e régua de cálculo circular para medir ventos cruzados.

Jeff Goldblum aparece com um Hamilton Jazzmaster automático com função GMT. Um Hamilton Thinomatic pode ser observado no pulso de Bill Pullman, e James A. Woods estará a usar um Hamilton Khaki Pilot Automatic Chronograph.

A presença da Hamilton em “O Dia da Independência: Nova Ameaça” é a mais recente em mais de 450 presenças de produtos da marca em filmes. A primeira colaboração ocorreu há 65 anos, quando os relógios Hamilton apareceram em “The Frogmen”. Desde então, a Hamilton trabalhou de perto com figurinistas, designers e prop masters para fornecer relógios para realizadores.






Meditações - passado e futuro distantes

For most people, the sense of connection with their past and future selves declines with increasing distance from the present. In fact, when we’re thinking of ourselves in the distant past or future, it almost feels like we’re thinking about a different person.

Tom Fleischman

quarta-feira, 22 de junho de 2016

terça-feira, 21 de junho de 2016

Janela para o passado - Grande Casino de Espinho, 1935

Conjuntura - indústria relojoeira suíça continua tendência de quebra


A diminuição das exportações relojoeiras suíças prosseguiu em Maio, numa tendência que já dura há mais de um ano. Registou-se uma quebra de 9,7 por cento face a período homólogo de 2015. Comparando o agregado dos primeiros cinco meses de 2016, os valores são agora inferiores aos que se registavam em 2012.

Portugal, 23º mercado de destino dos relógios suíços, quebrou 2,1 nos primeiros cinco meses do ano e, só em Maio, a diminuição foi de 9,4 por cento.

Dos dez principais mercados da relojoaria helvética, apenas o Japão e os Emirados Árabes Unidos registam aumento face a 2015. Hong Kong, primeiro destino dos relógios suíços, quebra 26,2 por cento nos primeiros cinco meses; e a China continental, 4º mercado, quebra 16,4 por cento.

Medtações - o dia mais longo do ano, em 1761


Entrando uma Dama no Paço no maior dia do ano, disse que o Sol chegara naquele dia ao maior auge, mas em vendo aquela Senhora declinara logo, e que todos tinham grande fortuna, pois naquele dia entravam com estrelas no Paço. Pedro José Supico de Moraes, in Colecção Moral de Apotegmas ou Ditos Agudos e Sentenciosos, 1761 (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Janela para o passado - máquinas calculadoras, 1935

Salão Internacional de Alta Relojoaria de Mardid - SIAR 2016 - os premiados


O Chronometre Ferdinand Berthoud FB1, na imagem em cima, foi eleito Melhor Relógio exposto no Salão Internacional de Alta Relojoaria - SIAR de Madrid, que teve a sua terceira edição de 16 a 18 de Junho.

Os Prémios SIAR 2016 tiveram a participação de um júri composto por jornalistas especializados: Andrés Moreno, de Fuera de Serie; Enric Moline, de The Watch Test; Beatriz Roldán, de Código Único; Paloma Recio de Relojes y Estilográficas; Santiago Tejedor, de Horas y Minutos; Fernando Correia de Oliveira, Director do Anuário Relógios & Canetas e editor independente (único membro não espanhol do painel); Ricardo Balbontín, de Gentleman e TR; Darío Fernández de Villavicencio, membro fundador de Cronotempvs; René Pierre, de Dapper; Kino Verdú, de ICON; e Juan Antonio Gómez, de Máquinas del Tiempo.

Em baixo, Andrés Moreno e Fernando Correia de Oliveira entregam a Vincent Lapaire o Prémio SIAR Madrid 2016 para o Melhor Relógio do Salão.



Carlos Alonso

O Salão Internacional de Alta Relojoaria - SIAR - começou na Cidade do México, em 2007, por iniciativa de Carlos Alonso, Director da revista Tiempo de Relojes. E tornou-se num dos principais acontecimentos do sector fora da Suíça. Em 2014, o conceito SIAR foi levado até Madrid.

Na terceira edição do SIAR Madrid 2016 estiveram presentes as marcas Cartier, Clerc, Chopard, Ferdinand Berthoud, Frederique Constant, IWC Schaffhausen, Jaeger-LeCoultre, Montblanc, Panerai, Perrelet, Piaget, RJ-Romain Jerome, Ulysse Nardin e Vacheron Constantin.




O Prémio SIAR Madrid 2016 para a categoria Grande Complicação foi para o Atelier Cabinotiers Refenre 57260 da Vacheron Constantin. Em baixo, Paloma Récio e Enric Moliné entregam o galardão a João Luís Queimado, da Vacheron Constantin Ibéria



O Prémio SIAR Madrid 2016 para a categoria Relógio Desportivo foi atribuído ao Officine Panerai Luminor Submersible 1950 Carbotech 3 days automatic 47 mm. Em baixo, Darío Fernández de Villavicencio e Ricardo Balbontin entregam o galardão a Cristina Uriarte, da Officine Panerai Ibéria.



O Prémio SIAR Madrid 2016 para a categoria Relógio Feminino foi para o Piaget Limelight Stella. Em baixo, Santiago Tejedor e Beatriz Roldán ladeiam Rebeca Planas, Piaget Ibéria.



O Prémio SIAR Madrid 2016 para a categoria Relógio mais votado pelo Público foi para o Ulysse Nardin - Grand Deck Marine Tourbillon. Em baixo, Carlos Alonso entrega o galardão a Fernando Zeher, Ulysse Nardin Ibéria.




Representantes das manufacturas premiadas e os membros do júri da edição 2016 do SIAR Madrid



O Rei Emérito de Espanha, Don Juan Carlos, visitou de surpresa o salão (foto Horasyminutos.com)


Segundo a organização do SIAR Madrid, "só puderam participar no salão as marcas cuja trajectória histórica ou expressão contemporânea pudessem preencher o critério de 'manufactura', ou seja, serem capazes de conceber e desenvolver os seus próprios mecanismos".

A terceira edição do salão de Alta Relojoaria da capital espanhola teve a presença de exemplares únicos com mais de uma dezena de complicações cada, calendários perpétuos e anuais, cerca de 50 turbilhões, mais de uma dezena de relógios com complicações astronómicas orbitais e de dez sonneries, num total de mais de 600 peças.