Est. June 12th 2009 / Desde 12 de Junho de 2009

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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Memorabilia - carregador Roger Dubuis

Joana Vasconcelos cria colar Vortex em parceria com David Rosas, para ajudar Corações com Coroa, de Catarina Furtado


O espaço David Rosas na Avenida da Liberdade, em Lisboa, foi hoje palco da apresentação de Vortex, uma peça única, criação de Joana Vasconcelos "que habita na fronteira entre as artes plásticas e a joalharia".

O colar Vortex, de ouro e rubis, com 23,5 x 13,5 x 3,7 cm, surgiu do desafio que a David Rosas fez à artista plástica para que concebesse uma peça que será leiloada em Março. O produto reverterá a favor da Corações com Coroa, instituição fundada por Catarina Furtado e com quem a casa joalheira tem desde 2013 uma parceria.

"Desde 2009 que na David Rosas cresce uma preocupação em integrar nas suas decisões estratégicas uma dimensão de Responsabilidade Social", refere a casa. "No domínio das causas sociais, ao longo dos anos tem feito reverter uma percentagem da venda da marca David Rosas para associações do terceiro sector".

A Corações com Coroa dedica-se à "promoção de uma cultura de solidariedade, igualdade de oportunidades e inclusão socioafectiva de pessoas em situação de vulnerabilidade, risco ou pobreza", sobretudo mulheres.

Para saber mais sobre o leilão, vá aqui, a partir de 7 de Fevereiro.


Joana Vasconcelos, Catarina Furtado e Luísa Rosas




A morte de Raymond Weil na Sábado


Obituário de Raymond Weil, na Sábado desta semana, escrito por Dulce Neto. Estação Cronográfica foi uma das fontes consultadas. Mais sobre a morte de Raymond Weil aqui.

Janela para o passado - cacau Cadbury's, anúncio de 1898

Georges Stobbaerts Hanshi (1940-2014) - in memoriam


Tendo passado a maior parte do mês em viagem, só hoje tomámos conhecimento do falecimento, a 6 de Janeiro, do Mestre Georges Stobbaerts. Fomos (através do Mestre Jean-Marc Duclos) dos seus primeiros alunos de Aikido em Portugal, a última das artes marciais a ser codificada, por Mestre Morihei Ueshiba, e foi ele que nos iniciou na prática do Zazen. Devido a uma fractura auto-infligida, deixámos há muito a prática do Aikido, mas continuamos fiéis às técnicas de meditação Zen, que depois tivemos ocasião de praticar com outros mestres, nomeadamente no Japão.

Foi um privilégio ter conhecido o Mestre Georges Stobbaerts, um ser superior a que Portugal muito deve.

Dele fica-nos para sempre os ensinamentos e orientações que nos foi ministrando. A percepção e gestão do Tempo que temos protagonizado ao longo das últimas décadas muito devem ao Zazen e a Georges Stobbaerts. Obrigado, Sensei!

Recordamos aqui um estágio em 2005 no TenChi, que ele fundou na Várzea de Sintra. E publicamos alguns artigos saídos por essa altura no Público e na revista Homem Magazine.


Grande encontro de artes marciais em Sintra

Mestres de 17 países no centro Ten Chi, de Georges Stobbaerts

Fernando Correia de Oliveira

“São estes japões discretos, e regem-se pela razão, têm boa conversação e usam de grandes cumprimentos uns com os outros, e parecem homens criados em paço, murmuram pouco de seu próximo, não são invejosos e jogadores, porque assim matam por jogar como por furtar; têm por passatempo exercitar-se nas armas, nas quais são muito dextros, e nos versos de sua poesia. São de corações altos, e confiados nas armas, porque os mancebos de 13, 14 anos por diante logo cingem espada, e nunca tiram as adagas da cinta; são grandes frecheiros [arqueiros], e todas as outras nações têm em pouco; por sua grande severidade governam as repúblicas sem haver demandas entre elas, que é coisa de admiração”.

Esta descrição do povo nipónico é feita numa carta datada de 1551, por um jesuíta que viveu no Japão durante 19 anos, e está incluída na História do Japão, do também jesuíta Luís Fróis.

Os portugueses foram os primeiros ocidentais a terem contacto com o Japão feudal e são deles as primeiras descrições de uma sociedade que se baseava em muito no chamado código de Bushido – ou a via do guerreiro.

Num esforço de preservação desse código de comportamento, ameaçado quando o país se abriu ao mundo exterior, foi fundada em 1895, em Kyoto, a Dai Nippon Butoku Kai. Hoje, esta organização é a mais antiga associação de artes marciais do Japão, a única directamente ligada à Casa Imperial. Apenas em 1992 se abriu ao mundo, permitindo a entrada no seu seio de praticantes de artes marciais de outras nacionalidades.

No passado fim-de-semana, na Várzea de Sintra, a Dai Nippon Butoku Kai realizou o seu Rensei Taikai Europeu 2005, um encontro de grandes mestres e praticantes de várias disciplinas de Budo (a via da guerra). Foi a primeira vez que um acontecimento desta magnitude e importância se realizou em Portugal.

Cerca de 270 especialistas de 17 países estiveram presentes no Dojo (lugar onde se pratica a via) Ten Chi (Terra e Céu) da Várzea de Sintra, fundado em 1978 pelo mestre Georges Stobbaerts, o responsável pela introdução em Portugal de artes marciais como o Aikido.

Este Rensei Taikai (grande encontro para o aperfeiçoamento da mente, do corpo e do espírito e das técnicas marciais) foi dirigido por Hiroyuki Tesshin Hamada, 9º Dan de Karatedo, membro da direcção da Dai Nippon Butoku Kai e presidente da sua divisão internacional (com sede em Norfolk, Estados Unidos).

“Ao contrário das actividades desportivas no mundo secular, o classicismo da Dai Nippon Butoku Kai sublinha a pureza e a simplicidade daquilo que fazemos nas nossas disciplinas tradicionais”, explicou mestre Hamada ao PÚBLICO. “Ganhar ou perder ou competir nunca foi uma prioridade nem um axioma importante. Aquilo que interessa nas nossas virtudes Butoku resume-se apenas na plena espiritualidade da pessoa e em potenciar a procura da verdade pessoal de cada um, atingindo com isso o máximo potencial no caminho escolhido”.

Entre as artes marciais representadas neste Rensei Taikai de Sintra estiveram o Iaido, Kendo, Karatedo, Jiusutsu, Aikido, Judo e Kobudo. O mestre Takemichi Kuwahara, 10º Dan de Jiujutsu, da direcção da Dai Nippon Butoku Kai em Kyoto, com 80 anos, foi um dos mestres presentes no encontro.


O Centro Ten Chi International de Sintra

O mestre Georges Stobbaerts é o representante em Portugal da Dai Nippon Butoku Kai. Nascido em Casablanca, Marrocos, em 1940, de ascendência belga, é engenheiro bioquímico e praticante de artes marciais desde muito jovem, sob orientação de mestres japoneses. Vem pela primeira vez a Portugal em 1967, fazendo demonstrações de Aikido. No início da década de 70, aperfeiçoando os seus conhecimentos de Zen e de várias artes marciais, estagia no Japão, antes de se fixar definitivamente em Portugal, em 1972, fundando em Cascais o Dojo Budokan.

É em 1977 que lhe surge a ideia de formar um centro dedicado à filosofia e à prática das artes marciais."Deveria haver um lugar onde todo o ser humano pudesse viver livremente como um cidadão do mundo. Um lugar onde o despertar do homem e o seu progresso interior se fizessem na harmonia entre o corpo e o espírito. Um lugar onde as artes se encontrassem a fim de acordar as consciências. Um lugar consagrado a criar relações de fraternidade entre os homens e a fazer prevalecer a paz no mundo”, pensou. E, com o esforço físico e a dedicação de dezenas de alunos, na tradição oriental, nasceu o Dojo Ten Chi International, na Várzea de Sintra.

Numa área com mais de 2 hectares, entre árvores, jardins, relvados, clareiras e dojos, são ali ensinadas as Artes do Movimento: Artes do Budo (artes marciais de tradição japonesa), o Yoga, o Ikebana (arranjo floral), a Caligrafia e o Tenchi Tessen (coreografia com leque). Organizam-se regularmente estágios internacionais nestas disciplinas, assim como seminários de formação de actores e encontros de Dança e de Música. “O Projecto Ten Chi é um lugar não só reservado às práticas quotidianas, mas deixa também espaço aberto à reflexão dos tempos presentes, à troca de ideias e ao diálogo entre diferentes culturas e civilizações”, diz mestre Stobbaerts.


Organização nacionalista que se tornou internacionalista

A Dai Nippon Butokukai foi fundada em 1895, em Kyoto, depois da vitória do Japão sobre a China, numa guerra que marca a ascensão nipónica à modernidade. Lentamente, os seus membros originais, que eram polícias, militares, cidadãos notáveis, membros da realeza e defensores do imperialismo, tinham incutido no povo japonês os seguintes ideais: - Preservar as virtudes marciais (butoku) tal como são representadas pelas disciplinas marciais tradicionais. - Honrar os velhos praticantes de Budo, que tinham mantido a tradição e experimentado uma verdadeira sociedade guerreira.

- Promover e divulgar as vias das artes marciais tradicionais como sistema educativo, para ajudar a instilar o Bushido nas mentes e nos corpos da juventude nipónica. Isso, a longo prazo, fortaleceria a nação como um todo.

O Butoku Kai, como o conhecemos, mandatou a unificação de várias escolas de Kendo e estandardizou e criou para essas escolas os uniformes e os graus formais. Essas escolas foram as primeiras escolhidas devido ao seu grande número e foram colocadas sob a influência do Budo e do Shinto (religião autóctone nipónica) para ajudar a combater a influência da cultura ocidental no país.

Rapidamente o Butoku Kai congregou e consolidou escolas de outras modalidades marciais, como o Jujutso, o Arco, o Naginata. A organização tornou-se numa agência semi-governamental nos anos 30 do século XX, regulando todas as formas de Budo. Trabalhou desde sempre com as instituições religiosas, educacionais, imperiais e recreativas do Japão, definindo-se como uma “Organização Cultural Nacionalista”.

Sendo a mais antiga associação de artes marciais do Japão, nas últimas décadas, a Dai Nippon Butoku Kai tem reconvertido um pouco o seu espírito nacionalista, mas sem perder a pesada e rígida tradição imperial, a cuja Casa se mantém directamente ligada. Só em 1992 a organização se abriu a outras nacionalidades, criando escolas ou reconhecendo dojos noutras partes do globo (incluindo o Ten Chi Dojo de Sintra, o único português), espalhando pelo mundo os ideais de Bushido.


O Ten Chi Dojo e mestre Stobbaerts

Em 1980, George Stobbaerts concebeu o Dojo Ten Chi (Céu Terra), na Várzea de Sintra. Juntamente com alguns alunos, começou por plantar arvores e outras plantas de numerosas espécies, dispondo criteriosamente caminhos, muros de pedra, lagos, pequenas cascatas e finalmente o pequeno e o grande Dojo, transformando, com enormes esforços, um terrenos árido de vários hectares num espaço harmonioso, guiado pelas linhas de equilíbrio que regem os jardins orientais. Um espaço coberto de 500 metros quadrados acolhe cursos regulares e estágios internacionais de Aikido, Yoga, Zazen, Kendo, Iaido e Ten Chi Tessen (arte do leque).

Tendo em vista uma perspectiva interdisciplinar, decorrem também seminários de formação de actores, caligrafia, exposições de pintura e escultura, concertos e espectáculos de dança bem como encontros de investigadores das diversas áreas do saber, onde um dos objectivos é unir a razão e a sensibilidade.

“Este é um lugar de reflexão, e de prática que procura ser a união da milenária filosofia oriental com o pensamento analítico e positivo do ocidente”, afirma mestre Stobbaerts.

O mestre Georges Stobbaerts é o representante em Portugal da Dai Nippon Butoku Kai. Nascido em Casablanca, Marrocos, em 1940, de ascendência belga, é engenheiro bioquímico e praticante de artes marciais desde muito jovem, sob orientação de mestres japoneses. Vem pela primeira vez a Portugal em 1967, fazendo demonstrações de Aikido. No início da década de 70, aperfeiçoando os seus conhecimentos de Zen e de várias artes marciais, estagia no Japão, antes de se fixar definitivamente em Portugal, em 1972, fundando em Cascais o Dojo Budokan.

É em 1977 que lhe surge a ideia de formar um centro dedicado à filosofia e à prática das artes marciais."Deveria haver um lugar onde todo o ser humano pudesse viver livremente como um cidadão do mundo. Um lugar onde o despertar do homem e o seu progresso interior se fizessem na harmonia entre o corpo e o espírito. Um lugar onde as artes se encontrassem a fim de acordar as consciências. Um lugar consagrado a criar relações de fraternidade entre os homens e a fazer prevalecer a paz no mundo”, pensou. E, com o esforço físico e a dedicação de dezenas de alunos, na tradição oriental, nasceu o Dojo Ten Chi International, na Várzea de Sintra.

“O Projecto Ten Chi é um lugar não só reservado às práticas quotidianas, mas deixa também espaço aberto à reflexão dos tempos presentes, à troca de ideias e ao diálogo entre diferentes culturas e civilizações”, diz mestre Stobbaerts.



Invocar a origem e a evolução do Aikido em Portugal implica invocar o perfil e personalidade daquele que foi o seu introdutor no nosso país. Belga de nascimento (Casablanca, 1940), desde muito novo o Oriente milenário exerceu uma forte atracção sobre o seu espírito, seduzindo-o pelas múltiplas facetas da sua cultura que reflectem uma forma ímpar de encarar o Universo e a Existência e, assim, os sentir e viver. Esta atracção tornou-se como que a razão de ser da vida de Georges Stobbaerts, preenchendo-o e dando-lhe um sentido peculiar. Esta profunda vivência foi determinante na sua forma de estar no mundo, alterando o curso da carreira profissional que seria, naturalmente, o corolário lógico de uma formação universitária, concluída de forma distinta, e levou-o a dedicar-se integralmente à busca, nas suas formas originais e nas suas expressões mais autênticas, dos conhecimentos e da inspiração que haveriam de marcar, indelevelmente, a sua personalidade e que, mais tarde, transmitiria aos seus discípulos, primeiro em Marrocos e, depois, em Portugal. Radicado no nosso país há mais de 20 anos, amando e identificando-se com esta terra, ao ponto de optar pela nacionalidade portuguesa, Georges Stobbaerts renunciou, com esta escolha, às múltiplas alternativas que se lhe deparavam e que seriam, sem dúvida, bem mais compensadoras materialmente para o seu poder de criatividade, profundo saber e técnica requintada. Mas não foi esse o objectivo nem a feição que quis imprimir à sua vida. Pelo contrário, toda a sua trajectória se desenvolveu numa busca do "DO", da via que conduz à harmonia de todas as leis cósmicas - da Harmonia do Homem com o Universo, com os outros e consigo mesmo. Esta finalidade, prosseguida de diversas formas, assume, no entanto, a sua máxima expressão na beleza esplêndida do Aikido que pratica e ensina, e no profundo sentido estético e harmonioso do Movimento - verdadeiro cerne de uma Arte Nova e, simultaneamente, Eterna - uma similitude estreita com a própria criação."

Extracto da introdução ao livro "Aikido - Harmonia do Corpo e do Espírito"

Georges Stobbaerts, embora de origens belgas, é em Casablanca (Marrocos) que nasce no ano de 1940. Devido ao facto de ter sido educado num país de fortes tradições orientais, desde muito cedo que toma contacto com questões ligadas à espiritualidade e às diferentes vivências do sagrado no ocidente e oriente. Saindo de Marrocos para completar os seus estudos com fortes componentes científicas, é na Bélgica, em 1961, que se especializa em Bioquímica o que lhe garante um trabalho numa empresa que se ocupa em resolver problemas de poluição atmosférica causados por resíduos radioactivos. Em Marrocos e também depois na Bélgica vai praticar Judo, Aikido, Kendo e Iaido. A fascinação pela filosofia inerente às artes do Budo leva-o a manter contacto com vários mestres japoneses que o iniciaram no estudo do Zen. É enquanto cumpre o serviço militar que toma contacto com o Yoga através de um dos seus alunos. Em Bruxelas conhece o reverendo padre católico Martin Vallarag com origens indianas e que lhe viria a transmitir tudo o que sabe sobre o Yoga.

Durante o ano de 1959 Georges Stobbaerts conhece o Mestre Kenshiro Abe continuando com ele os seus estudos de Aikido. Dois anos mais tarde, quando o Mestre Masamichi Noro vem para a Europa como delegado da Fundação Aikikai torna-se uma figura de referência para Georges Stobbaerts pelo seu estilo de Aikido, trabalhando com ele durante vários anos. Em 1964, aquando do seu regresso a Marrocos, é fundado o “Budo Club du Maroc”, primeiro dojo de Aikido e Kendo, onde seriam ensinadas de aí em diante várias artes do Budo assim como os seus primeiros cursos de Yoga, reforçando o lado cultural e espiritual destas disciplinas. Em 1967 o Budo Club du Maroc recebe o Mestre Masamichi Noro, que a convite de Georges Stobbaerts aí se desloca para, mais uma vez, o influenciar com o seu Aikido. É ainda neste ano que o mestre vem pela primeira vez a Portugal, a convite da União Portuguesa de Budo, dando assim a conhecer as principais artes marciais tradicionais japonesas: o Aikido, o Iaido, o Kendo e o Zen.

No ano de 1969, Georges Stobbaerts participa no primeiro colóquio internacional de Yoga, organizado por André Van Lysebeth, altura em trava conhecimento com vários yoguis indianos. Participaria mais tarde em diferentes seminários organizados por André Van Lysebth a quem Georges Stobbaerts considera um dos pioneiros do Yoga na Europa. É por esta altura que conhece também prestigiados yoguis, como os Swamis Chithananda, Dhirendra, Bramachari, Satyananda, Dayanda e outros que voltaria a rever mais tarde, aquando da sua viagem à Índia. A noção de não violência (ahmisa) foi importante na pesquisa de Georges Stobbaerts, especialmente na via das artes marciais - a vitória pela paz é o objectivo final dos seus próprios movimentos no Budo, prática em que a técnica reflecte sempre a harmonia do gesto nos movimentos circulares.

Em 1971 Georges Stobbaerts integra o grupo fundador da Federação Internacional de Kendo surgida no Japão durante o 1º Campeonato do Mundo, campeonato este em que participou, tendo-se distinguido no Torneio Internacional de Nagoya, onde obteve uma vitória sobre o japonês Tasoe Osawa (7ºDan). Durante um período de tempo viveu como uchideshi do Mestre Nakakura aluno de Ueshiba Morihei e um dos tesouros vivos do Japão, com quem aprendeu e aperfeiçoou a sua técnica de Iai e Kendo. Ainda em Novembro de 1971, já em Marrocos, com a colaboração dos seus alunos e do Drº Claude Durix, Georges Stobbaerts recebe no “Budo Club du Maroc” o Mestre de Zen Taisen Deshimaru que se deslocava pela primeira vez a África e aí fundava o primeiro dojo Zen no continente africano. Em 1972 estabelece-se definitivamente em Portugal onde funda o Dojo Budokan de Portugal em Cascais. Paralelamente às diferentes actividades, ensina o Yoga e funda o Aikido em Portugal. É neste Dojo que também inicia a prática de meditação Zen, realizando vários Sesshin com a presença do Mestre Taisen Deshimaru e acompanhado de Janine Monot

Por volta de 1977 com o intuito de desenvolver as actividades do seu ensino e reflexão, dedicou-se à criação de um centro de amplo espaço e silêncio, em plena natureza. O local escolhido foi a Várzea de Sintra, em pleno coração de uma zona verdejante de beleza inesgotável e considerada como património mundial. Depois de adquirir um terreno com mais de 2 hectares, iniciou-se o projecto de construção. Na época, tal projecto dividiu alguns alunos, uns cépticos em relação à utopia e outros verdadeiramente entusiasmados. Em 1978 o sonho do projecto TenChi (Céu-Terra) transformou-se em realidade, respeitando sempre o seu lema que, ainda hoje, orienta as suas actividades. Concretizou-se como realização colectiva, numa corrente de pensamento que ainda hoje toca numerosos aderentes. A cada um coube contribuir com a sua quota-parte de conhecimento, saber-fazer, tempo, relacionamento, trabalho, materiais e energia... segundo as palavras de Georges Stobbaerts: “TenChi não está reservado ao pensamento de um único homem, é, pelo contrário, um lugar onde deve haver uma integração de actividades e de pessoas ligadas a diferentes tradições, pois as diferenças ensinam a mais elevada tolerância “.

Em 1981 desloca-se a Estrasburgo ao Conselho da Europa como observador numa região a regulamentar o desenvolvimento da acupunctura tradicional. Em 1985 organiza "A Dança do Sopro", estágio de formação e aperfeiçoamento destinado ao movimento no teatro. A convite do Indian Councial for Cultural Relations, percorre a Índia onde estabelece numerosos contactos e visita os principais centros de investigação científica. Ainda em 1985 e face à actual evolução das artes ditas marciais e da sociedade em direcção à competição e à violência, cria uma nova arte do movimento resultado de um estudo profundo e das suas vivências - o Tenchi Tessen - Em resposta ao porquê desta sua criação, Georges Stobbaerts diz que "Procurava um novo caminho que permitisse a descoberta de si-próprio."




No Ten Chi Dojo de Sintra

Harmonia entre o céu e a terra

Fernando Correia de Oliveira

Os pássaros atarefam-se no alimentar dos filhos, acabados de nascer, num chilrear sublinhado aqui e ali pelo coaxar de rãs ou pelo ruído da água a passear-se por entre pedras. No meio de estreitos corredores de terra batida, por entre pedregulhos e bambus, estranhos seres correm descalços e em silêncio, num tropel acima-abaixo, fazendo esvoaçar os seus trajes, de onde sobressaem uma espécie de saiotes negros.

Homens e mulheres, alguns adolescentes, agrupam-se rapidamente em zonas planas e limpas, fazem vénias antes de penetrarem nelas, em sinal de respeito por espaços sagrados, onde o saber milenar continua a brotar ininterruptamente, de mestre para discípulo, como há milhares de anos.

De repente, gritos compassados. O chocar de paus. O bater de mãos no solo, o desembainhar de espadas, que silvam no ar nos vários dojo (o sítio onde se pratica a via). Dava-se início ao Rensei Taikai Europeu 2005, um dos mais importantes encontros de artes marciais que alguma vez ocorreram em Portugal.

Foi esta a ocasião que escolhemos para visitar o local onde tudo ocorre: o Ten Chi Dojo da Várzea de Sintra, um espaço que está a comemorar um quarto de século de existência.

Entre as artes marciais representadas neste Rensei Taikai de Sintra estiveram o Iaido, Kendo, Karatedo, Jiusutsu, Aikido, Judo e Kobudo. Homens e mulheres vindos dos Estados Unidos. Bélgica, França, Reino Unido, Rússia, Alemanha, Roménia, Suíça, Espanha, Israel, Hungria, Arménia e Malta, praticantes veteranos das suas artes, experimentaram no Ten Chi Dojo dois dias intensos de treino e contacto com mestres que consideram lendários.

Este Rensei Taikai (grande encontro para o aperfeiçoamento da mente, do corpo e do espírito e das técnicas marciais) foi dirigido por Hiroyuki Tesshin Hamada, 9º Dan de Karatedo, membro da direcção da Dai Nippon Butoku, a mais antiga associação de artes marciais nipónica, e a única com relação directa à Casa Imperial.

O Dojo Ten Chi é o único reconhecido pela organização em Portugal. O mestre Takemichi Kuwahara, 10º Dan de Jujutsu, da direcção da Dai Nippon Butoku Kai em Kyoto, com 85 anos, foi um dos presentes no encontro.

Até aos olhos de um leigo se podem deparar as diferenças de estilo das várias artes – a simbologia dramática da arte com espada (a fina linha que separa a vida da morte); a explosão iniciática do choque entre varas no Kendo; a dureza aparente, a eficácia do Karatedo; a harmonia poética do Aikido, nos seus movimentos circulares e eternos. Uma coisa os une – a procura da via para a Paz e a Harmonia. A resposta está dentro de cada um e o verdadeiro inimigo somos nós próprios, cujas limitações temos que superar.



Portugal e o Japão, o Zen e a Espada

“Tinha o Padre Mestre Francisco esta natureza que, sem ser convidado dos bonzos nem chamado, ele os ia buscar aos seus mosteiros; e ou lhe punha dúvidas, para que lhe respondessem, ou lhas perguntava para lhe dar a resposta; e, neste entrar e sair, tinha tanta liberdade, como se fosse pessoa própria da casa”. O relato vem na História do Japão, do jesuíta Luís Fróis, e é um dos primeiros relatos dos contactos de ocidentais com o país do Sol Nascente. Neste caso, o missionário Francisco Xavier, que através de Macau, ia tentar, sem êxito, a conversão dos “japões”.

Segundo a táctica jesuíta, a conversão deveria começar pelas elites – conquistadas estas para a Fé católica, estaria assegurada a conversão maciça do povo. Para além dos daimios (senhores feudais), era preciso convencer os bonzos (os monges), que nos seus mosteiros influenciavam ideologicamente a classe dominante. Nesses mosteiros praticavam-se artes marciais e fazia-se a meditação zen. Os portugueses foram os primeiros a descreverem um mundo estranho e fascinante a uma Europa ávida de exotismo.

Prossegue Fróis: “Estava naquela cidade de Kagoshima um mosteiro que, entre todos, era o principal do reino, que el-rei tem como coisa sua própria, onde havia 100 e tantos bonzos, com grande renda; é o superior dele em extremo venerado de el-rei e de todos os senhores, cuja dignidade no Japão se chama “todo”, que então era um velho chamado Ninjit, naturalmente homem afável, benigno e inclinado a obras de piedade, e tinha outras boas partes naturais, pelas quais o Padre Francisco frequentava muito conversá-lo, e ele folgava de ouvir nossas coisas e lhe pareciam muito conforme à razão. Era aquele mosteiro da seita dos jenxus, que têm para si não haver mais que nascer e morrer, e que não há outra vida, nem castigo de males, nem remuneração dos bens, nem autor que governe o universo”.

Depois, há aquilo que poderá ser a primeira descrição, em fontes ocidentais, da técnica de meditação zen (vinda da Índia, pelos ensinamentos de Buda, chegada ao Japão através da China, onde tinha o nome de Chen): “Entre outras muitas coisas, que o Padre Mestre Francisco passou com este Ninjit, foram duas: a primeira é que têm por costume aqueles bonzos, dentro em um ano, meditarem – cem dias uma ou duas horas determinadas, a que chamam zagen sobre este não haver nada, para melhor extinguirem o remorso da consciência; e na compostura do corpo estavam com tanta modéstia, recolhimento e tranquilidade, como se estivessem arrebatados em uma contemplação divina”. E Fróis prossegue, descrevendo vários diálogos entre Xavier e o mestre budista.

Noutra passagem da História do Japão afirma-se:

“São estes japões discretos, e regem-se pela razão, têm boa conversação e usam de grandes cumprimentos uns com os outros, e parecem homens criados em paço, murmuram pouco de seu próximo, não são invejosos e jogadores, porque assim matam por jogar como por furtar; têm por passatempo exercitar-se nas armas, nas quais são muito dextros, e nos versos de sua poesia. São de corações altos, e confiados nas armas, porque os mancebos de 13, 14 anos por diante logo cingem espada, e nunca tiram as adagas da cinta; são grandes frecheiros [arqueiros], e todas as outras nações têm em pouco; por sua grande severidade governam as repúblicas sem haver demandas entre elas, que é coisa de admiração”.

Os portugueses – veja-se também Fernão Mendes Pinto e a sua Peregrinação, foram os primeiros ocidentais a terem contacto com o Japão feudal e são deles as primeiras descrições de uma sociedade que se baseava em muito no chamado código de Bushido – ou a via do guerreiro.







Mestre Hiroyuki Tesshin Hamada

A espada deve ficar na bainha

Mestre Hiroyuki Tesshin Hamada é oriundo de uma família nobre, de samurais. Desde criança que foi educado no código de Bushido, praticando artes marciais a partir dos 7 anos, em Kyoto, de onde é originário. Começou a ensinar nos Estados unidos em 1965 e fundou a sua primeira escola no país em 1969. Incutindo nos milhares de estudantes e centenas de cintos negros que foi formando a sua filosofia de equilíbrio entre a pena e a espada, tem uma vasta obra teórica publicada, debruçando-se sobre psicomotricidade e componentes afectivos, pedagogia e aspectos históricos e filosóficos associados com a rica tradição das artes marciais. 9º Dan de Karatedo, ele é membro da direcção da Nai Nippon Butoku Kai e presidente da sua divisão internacional (com sede em Norfolk, nos Estados Unidos). Foi ele quem dirigiu tecnicamente o encontro na Várzea de Sintra.

Homem Magazine – Como decorreu este Rensei Taikai?

Mestre Hamada – Este encontro foi um grande testemunho para todos os participantes – que abriram os seus corações à aprendizagem e à partilha de conhecimentos. O nível técnico foi muito exigente – 17 países, 230 participantes – e a maior representação, de Portugal, fez demonstrações maravilhosas de Aikido, de Jiujutsu. Ainda estão a crescer no seu potencial em Karatedo, Iaido e Kendo. O espírito que encontrei no Ten Chi Dojo foi de Paz e Harmonia, que influenciou todos os presentes. Para mim, eles são guerreiros, que têm que treinar sempre, duramente, para serem capazes de lidarem com qualquer situação.

HM – Qual o espírito da Dai Nippon Butoku Kai?

Mestre Hamada – Somos a mais antiga organização do género ligada à casa Imperial. Na sua essência, acreditamos na tradição dos antigos códigos de cavalaria – honramos os valores de Honra, Respeito, Humildade e Excelência nas disciplinas tradicionais de Artes Marciais. Na Dai Nippon Butoku Kai damos muita importância ao desenvolvimento do carácter, à resolução de conflitos sem emoções agressivas. Buscamos encontrar a paz dentro de nós próprios através de uma disciplina árdua

HM – Como é que se pode conciliar o código de Bushido (a Via do Guerreiro) com o mundo de hoje?

Mestre Hamada – Há um mal-entendido generalizado quando se considera o Bushido como agressão. Pelo contrário, o Bushido sublinha a importância da Harmonia e da Paz, contra comportamentos beligerantes, agressivos. Estamos a falar de Artes Marciais tradicionais, e isso não é desporto, que envolve ganhar e perder. Por exemplo: no Iaido, a espada deve ficar dentro da bainha. 99 por cento dos samurais não desembainhavam a espada a não ser para a limpar, raramente a usavam em combate real – e, aí, estava-se perante uma situação de vida ou de morte, ordenada pelo seu senhor, por uma crise nacional ou outra circunstância excepcional. Sacrifício, Humildade, Bondade, Compaixão, Coragem, Honra, Lealdade, são valores de Bushido.

HM – Num mundo onde se fala de Choque de Civilizações, qual o papel das Artes Marciais tradicionais no esforço para a paz e o entendimento entre os povos?

Mestre Hamada – Acredito que os ideais de Bushido oferecem uma importante opção. Ao longo da História da Humanidade, o conflito esteve sempre presente, foi inevitável. As Artes Marciais servem para evitar o conflito. “Marcial” em chinês é um caractere com dois componentes – um significa parar a espada, o outro significa parar o conflito e fazer regressar a paz e a harmonia. O Bushido concentra-se na maneira de lidar construtivamente com os muitos conflitos que nos rodeiam. Quando se recorre a conflitos armados ou ao uso da força para resolver divergências, as pessoas devem perceber que esse é verdadeiramente o último recurso. Numa era nuclear, as pessoas devem ter muita atenção nas suas decisões e ter em conta o passado. Os Bushi (guerreiros) não estavam interessados em desembainhar a espada – ela deve permanecer, intacta, dentro da bainha. Esse é o conceito mais importante que o mundo deve trabalhar.

HM – Que recordações leva de Portugal?

Mestre Hamada – A beleza e graciosidade de um país que se deve orgulhar muito da sua História, Tradição e Cultura. Portugal, com a sua herança, pode ter um impacto positivo tremendo para o resto do mundo. Percebi que a convivência entre as pessoas – e isso não tem a ver com factores económicos – é um exemplo. O respeito mútuo é a base para a resolução de divergências e conflitos. E a única saída para o futuro da Civilização.

Pré-Baselworld 2014 - relógios Seiko Astron com vidro abaulado


A Seiko apresentará na Baselworld, em Março, seis novos modelos da sua colecção Astron, num design inspirado na estratosfera, com os relógios a terem um vidro de safira abobadado, representando a curvatura da Terra.

Os Seiko Astron têm calibre de quartzo (7X52), com o tempo e mudança de fuso horário controlados por sistema de GPS. Calendário perpétuo correcto até Fevereiro de 2100. Horas do mundo com indicação de 39 zonas horárias. Função de poupança de energia durante o dia. Exactidãso de mais ou menos 15 segundos por mês (sem ter recebido um sinal de tempo e a temperaturas entre 5 e 35 graus).

Caixa de 48 mm, de aço, estanque até 1009 metros e antimagnético até 4,800 A/m. Deverá ter um PVP a rondar os 2.300 a 2.400 euros.


Meditações - fim do mês

Não é que não pense no fim do mês
até já pus o íman no contador
angustia-me tanta energia invisível
penso no fim do mês e da vida
e não sei o que me dói mais
os olhos abertos da minha filha
esperam por saber como perguntar
o teu pai filha ainda espera respostas
ou como construir as perguntas certas
esvai-se a casa e eu com ela
preocupado com as respostas
com as sobras das perguntas
enredo as palavras e embalo-as.

Carlos Alberto Machado

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Memorabilia - carregador Baume & Mercier

Há cem anos... Fraga & C.a, joalheiro, na Rua da Palma, Lisboa (anúncio de 1914)


(arquivo Fernando Correia de Oliveira) Veja também aqui, aqui ou aqui.

Janela para o passado - "as especialidades do gourmet"... anúncio de 1898

JeanRichard "Relógio Oficial" do Arsenal


Arsene Wenger, treinador do Arsenal, e Bruno Grande, CEO da JeanRichard

A JeanRichard passa a ser Global Partner e "Relógio Oficial" da equipa de futrbol londrina Arsenal FC, numa parceria a longo prazo que leva o nome da marca suíça aos palcos da Premier League, com os Gunners e o seu Emirates Stadium. Uma série limitada de um relógio “Arsenal” será produzida em breve.

Chegado ao mercado - F.P. Journe “10 Years Anniversary Tourbillon”


F.P. Journe “10 Years Anniversary Tourbillon”, uma série limtiada de 10 exemplares, assinalando os dez anos da primeira boutique da marca, em Tóquio, e a abertura da décima, em Beirute.

Face à procura, François-Paule Joourne decidiu distribuir cada um dos exemplares pela rede de boutiques e sortear entre os respectivos clientes a quem será vendido cada  um.

O Anniversary Tourbillon vem equipado com o mesmo calibre turbilhão original de 1983, mas manufacturado em ouro rosa e visível através do fundo da caixa, em vidro de safira.

As boutiques F.P. Journe, além de Tóquio e Beirute - Hong Kong, Genebra, Boca Raton, Paris, Beijing, Nova Iorque, Miami, Los Angeles.


O F.P. Journe “10 Years Anniversary Tourbillon” tem calibre de carga manual, turbilhão, da manufactura (FPJ 1412), de ouro rosa, decorado segundo os códigos da alta relojoaria. Tem dois tambores de corda e 56 horas de autonomia. Caixa de 40 mm, de platina.


Quem inventou o relógio automático - Perrelet ou Sarton? Novo livro, de Richard Watkins, inclina-se para o segundo e fala do mito Perrelet


É hoje lançado o livro The Origins of Self-Winding Watches 1773-1779 (As Origens dos Relógios Automáticos), do investigador australiano Richard Watkins.

Mais uma acha para a fogueira da polémica a que temos dado atenção, nomeadamente aqui, sobre quem inventou a maneira de um relógio de bolso receber corda apenas com o movimento que a caixa, no seu todo, sofra. Geralmente, isso consegue-se através de uma massa oscilante ou rotor.

Ora, essa invenção histórica em relojoaria estava atribuída a Abraham-Louis Perrelet desde que, em 1952, Alfred Chapuis e Eugène Jaquet publicaram La Montre Automatique Ancienne, un Siècle et Demi d’Histoire 1770-1931.

Mas, em 1993, Joseph Flores, citando um documento de 1778, da autoria de Hubert Sarton, de Liège, Description Abrégée de Plusieurs Pièces d’Horlogerie, e onde este relojoeiro fala de um Relógio com Movimento Espontâneo, que terá apresentado à Real Academia de Ciências, de Paris, conclui que é ele o autor do primeiro relógio de bolso automático.

A partir de então, o mundo da historiografia horológica divide-se em campos "pró-Perrelet" e "pró-Sarton".

Em 2012, Jean-Claude Sabrier publica The Self-Winding Watch, 18th - 21st Century, onde volta a defender a primazia de Perrelet.

Agora, Watkins, no estudo mais completo e claro que até hoje nos foi dado conhecer, não apenas defende Flores como reafirma a primazia de Sarton na invenção do rotor.

Agradecemos a outro investigador da história da relojoaria, Fortunat F. Mueller-Maerki, a cópia do livro de Watkins que nos enviou.


De Richard Watkins, citamos:

It seems that by the end of 1779 all five known designs of self-winding watches had been developed. Two obvious designs are missing: (a) There are no early rotor watches with going barrels, and the earliest reference to this design appears to be the 1893 patent of Coviot (see Appendix 4, page 263). However, Sarton’s watch did not have a future. Its description was hidden in the minutes of the Paris Académie Royale des Sciences, not to be read for about 178 years. And very few of these watches were made. (b) There are no center-weight watches with fusees. But if this design was derived from the other mechanisms, why would anyone bother creating an unsatisfactory variant? And so it is not surprising that innovation stopped after these five mechanisms had been created.

At this point the focus changed from innovation to manufacture. Of course the boundary is blurred, but 1780 is a sensible date. By the beginning of that year: (a) Several Swiss people had started making side-weight mechanisms. (b) Breguet had begun making his version of the side-weight watch. (c) And Recordon had arranged for Spencer & Perkins to make these watches in England.

By this date Breguet’s barrel remontoir and Sarton’s rotor design had passed into history. And, for reasons that I do not understand, the center-weight watch had appeared, only to be ignored. Just one design, the side-weight with going barrel, remained. And it dominated from 1780 to the advent of the wrist watch. If dominated is the right word. At no time were large numbers of these watches made. They were always a minor part of watch making supplying a few wealthy people intrigued by the idea of an automatic watch. [...]

Meditações - passou o Outono já

Passou o Outono já, já torna o frio...
– Outono de seu riso magoado.
Álgido Inverno! Oblíquo o sol, gelado...
– O sol, e as águas límpidas do rio.

Águas claras do rio! Aguas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...

Onde ides a correr, melancolias?
– E, refractadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

Camilo Pessanha

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Barreto & Gonçalves Joalheiros, anúncio de 1923


Barreto & Gonçalves, na Rua Eugénio dos Santos, ao Saldanha, Lisboa. Há uma casa Barreto & Gonçalves, Joalheiros, fundada em 1920, na Rua das Portas de Santo Antão, 17, na Baixa (arquivo Fernando Correia de Oliveira)

Memorabilia - porta-cartões Montblanc

Baselworld 2014 - relógios Zannetti convida...

Chegado ao mercado - De Bethune Dream Watch 5


Mais uma criação futurista saída da imaginação da equipa David Zanetta / Denis Flageollet. O DeBethune Dream Watch 5 tem fases de lua e está equipado com um calibre de carga manual, da manufactura (DB2144), duplo tambor de corda, roda de balanço de silício e ouro branco, roda de escape de silício sistema triplo anti-choque, autonomia para cinco dias.

Tem caixa de 49 x 39 x 11 mm, de titânio e vidro de safira, abobadado, com coroa às 3 horas, com cabochon de rubi. Horas saltantes às 3 horas e minutos analógicos através de disco. Indicador esférico de fases de lua, no centro, com desvio de um dia lunar apenas ao fim de 1.112 anos.


Chegado ao mercado - relógio Breitling Chronomat 44 GMT “Patrouille Suisse 50th Anniversary”


Breitling Chronomat 44 GMT “Patrouille Suisse 50th Anniversary”, uma edição limitada de mil exemplares. Em 2014, a Suíça e o mundo da aviação comemoram duas datas: o 100º aniversário da Força Aérea Suíça e o 50º aniversário da Patrouille Suisse. Foi em 1964 que se criou oficialmente a esquadrilha de acrobacia aérea, composta por pilotos oficiais militares, equipados com caças britânicos Hawker Hunter Mk 58. Desde 1995, com seis caças americanos F-5E Tiger II, a Patrouille Suisse constituiu-se numa das raras equipas acrobáticas a usarem aviões supersónicos.

A Breitling já produziu vários modelos especiais para esta esquadrilha, uma das mais famosas do mundo. Lança agora um Chronomat personalizado, na versão GMT.


O Breitling Chronomat 44 GMT “Patrouille Suisse 50th Anniversary” é um cronógrafo automático, com calibre da manufactura (B04), cronómetro oficial COSC, com mais de 70 horas de autonomia. Tem função GMT no mostrador e um terceiro fuso horário através do bisel. caixa de 44 mm, de aço, coroa e botões de enroscar, estanque até 200 metros. Bracelete de borracha.


Janela para o passado - sumo de lima Cordial, anúncio de 1898