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segunda-feira, 1 de março de 2010

Memória - Zodiac*

Um Zodiac igual ao do suspeito

Que marcas de relógios se podem gabar de ter um filme com o seu nome? Até há pouco tempo, nenhuma, que me lembre. Isto, apesar de o cinema e os relógios terem uma rica história em comum – desde o “mudo” Harold Lloyd pendurado nos ponteiros de um relógio de torre, em Nova Iorque, uma das mais célebres cenas de sempre na 7ª Arte, até à personagem James Bond, que não prescinde do seu Omega. Passando pelo Heuer de Steve McQueen no mítico Le Mans ou os enormes Panerai do não menos enorme Arnold “I’ll be back” Schwarzenegger.

Agora, temos Zodiac, um filme de David Fincher, baseado num romance de Robert Graysmith, e que conta a história de um assassino em série que aterrorizou a zona da Baía de São Francisco nos anos 60 e 70 do século passado e que nunca foi apanhado.

O desconhecido apelidou-se a si próprio de Zodiac nas mensagens encriptadas que foi enviando à polícia, a gabar-se dos assassinatos.

Onde foi ele buscar esse nome e assinatura (um círculo cortado por duas linhas em ângulo recto)? Certamente que a uma marca de relógios.

O principal suspeito, Arthur Leigh Allen, que nunca chegou a ser acusado e já morreu, usava um Zodiac Sea Wolf quando a polícia o interrogou.

A Zodiac foi fundada por Ariste Calame em 1882 em Le Locle, em plena região relojoeira suíça. No seu historial tem o primeiro relógio automático desportivo e o primeiro relógio de mergulho profissional. A sua presença em Portugal é também bastante antiga. Com o advento do quartzo, a marca quase desapareceu mas, em 2002, foi adquirida pelo grupo norte-americano Fossil, e está neste momento numa fase de relançamento, numa interessante relação qualidade-preço e um design totalmente renovado.

O termo Zodíaco (do grego zodiakos, círculo de pequenos animais, derivado de zodiaion, diminutivo de zoon, animal) designa a faixa de mais ou menos oito graus em torno da elíptica, a linha que o Sol aparentemente descreve na esfera celeste durante o ano. Os babilónios dividiram essa faixa em doze partes iguais, cada uma correspondendo à posição do Sol durante aproximadamente um mês. Em cada uma dessas partes encontram-se asterismos, grupos de estrelas, que depois receberam nomes inspirados em figuras mitológicas, na sua maioria animais, que deram os signos.

Quando Ariste Calame escolheu o nome e o símbolo para a sua marca, há precisamente 125 anos, não estava decerto a pensar que alguma vez um assassino em série os adoptaria. Mas, seguindo a velha máxima de que “tanto faz que falem de nós, por bons ou maus motivos, desde que falem”, a Fossil deve estar “agradecida” a Allen e a Hollywood.

Anúncio da Zodiac em Portugal, em 1943

*A Máquina do Tempo, publicada no suplemento Causal, Semanário Económico, 20/07/07

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