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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Relógios & Canetas online Fevereiro - reportagem na África do Sul, com os relógios Montblanc





Jerôme Lambert, CEO Montblanc

Temos cada vez mais legitimidade relojoeira

Há ano e meio à frente da Montblanc, uma das marcas mais conhecidas no mundo, Jerôme Lambert levou consigo a experiência de 12 anos na Jaeger-LeCoultre para fazer rapidamente da marca da estrela branca uma verdadeira manufactura relojoeira.

Falámos com Jerôme Lambert na Cidade do Cabo, África do Sul, onde a Montblanc fez o lançamento internacional da nova colecção Heritage Chronométrie, toda ela inspirada em dois pilares – a figura no navegador português Vasco da Gama e o espírito da Minerva, manufactura instalada em Villeret desde 1858 e que desde 2006 pertence ao universo Montblanc.

Anuário Relógios & Canetas – Após ano e meio de liderança, o que é que já se pode ver de Jerôme Lambert nos produtos Montblanc?

Jerôme Lambert – Uma das coisas que aprendi nos 12 anos em que estive na Jaeger-Lecoultre é que há sempre uma “time line” que não se consegue ultrapassar – entre as acções tomadas e os resultados há um incontornável tempo de intervalo. Ainda é cedo para ver resultados, mas há já indícios positivos, como os resultados com a linha feminina de relógios, Bhoème, que tem tido uma grande aceitação a nível mundial. Estive pela primeira vez no final de 2014 no salão Watchs & Wonders de Hong Kong como CEO da Montblanc e tive a percepção junto dos jornalistas e dos pontos de venda que a marca tem cada vez mais legitimidade relojoeira – as nossas manufacturas de Le Locle e Villeret fazem cada vez mais relógios complicados e isso tem sido aceite pelo mercado. Ficamos, assim, encorajados, em prosseguir nessa estratégia.

Anuário – Os instrumentos de escrita estão condenados à extinção? É por isso que o vosso esforço tem sido sobretudo na relojoaria?

Jerôme Lambert – Não diria que os instrumentos de escrita estão condenados. O problema é que a Montblanc tem quotas de mercado da ordem dos 70 a 80 por cento em cada país, a marca é sinónimo de caneta, e é difícil se não impossível crescer. Mas continuamos a lançar instrumentos de escrita apelativos para as gerações mais novas, usando formas e materiais contemporâneos, ao mesmo tempo que fazemos reedições históricas – veja-se o recém-lançado modelo Goliath. Estamos em todo o lado para liderar – seja nos instrumentos de escrita, nos relógios, nas jóias, na marroquinaria ou nos acessórios. Estes últimos são, com o seus preços de entrada, uma espécie de iniciação ao mundo Montblanc, que não queremos descurar.

Anuário – Há uma nova estratégia de absorção da Minerva por parte da Montblanc.

Jerôme Lambert – Sim, temos essa estratégia a curto prazo e a nova colecção Heritage Chronométrie vem nesse sentido. A Minerva produz cerca de 30 relógios por ano e emprega 40 pessoas. Lá, em Villeret, podemos personalizar cada relógio, cada relojoeiro faz um por ano… Decidi mudar o departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Montblanc em Le Locle para Villeret. Assim, inspiramo-nos cada vez mais com a história e o espírito da Minerva. Esta nova colecção Montblanc traduz a tradição relojoeira de mais de século e meio de Villeret e, em termos de relógios, o futuro será cada vez mais esse – Montblanc, reivindicando-se da herança e tradição Minerva. Será em Villeret que novas ideias e conceitos serão desenvolvidos. O Exo-turbilhão, por exemplo, foi testado primeiro na linha Minerva, de alta relojoaria, passou para a Montblanc e é agora usado numa série limitada Heritage Chronométrie Vasco da Gama.

Anuário – Como surgiu a ideia de associar Vasco da Gama à colecção topo de gama da Montblanc?

Jerôme Lambert – Vasco da Gama é uma figura muito rica, conhecida mundialmente por ter sido quem descobriu o caminho marítimo da Europa para a Índia. Ele tinha como preocupação permanente a precisão, pois sem ela não conseguiria chegar onde chegou. Depois, o seu feito ligou, não apenas dois oceanos, mas várias culturas – europeia, africana, árabe, indiana. E foi pacífico – baseou-se no comércio e nas feitorias que os portugueses foram criando ao longo dessa rota. Na relojoaria, a Montblanc tem essa preocupação com a precisão e, como marca global, admira aqueles que ajudaram ao diálogo entre civilizações.



A viagem de Vasco da Gama

Vasco da Gama partiu de Lisboa a 8 de Julho de 1497, à frente de uma pequena armada de quatro navios: a nau Sâo Gabriel, de 90 toneladas, capitaneada por ele próprio, com ele seguindo como piloto Pero de Alenquer, que dez anos antes exercera idênticas funções, às ordens de Bartolomeu Dias, quando este navegador passou o cabo da Boa Esperança, levando como mestre Gonçalo Álvares e como escrivão Diogo Dias, irmão de Bartolomeu Dias, que acompanhou esta armada até àMina; a nau São Rafael, também de 90 toneladas, confiada ao comando de Paulo da Gama, irmão do capitão-mor, tendo como piloto João de Coimbra e por escrivão João de Sá; a caravela Bérrio, de 50 toneladas, assim chamada porque esse era o nome do proprietário, a quem tinha sido comprada, em Lagos, para a integrar nesta expoedição à Índia, sob o comando imediato de Nicolau Coelho, nela seguindo como piloto Pero Escobar, que integraria, anos depois, a armada de Pedro Álvares Cabral, que descobriu o Brasil, e como escrivão Álvaro de Braga; e, finalmente, a nau dos mantimentos, sem nome próprio, mas cuja capacidade ascendia a 110 toneladas, que levava por capitão Gonçalo Nunes. Nas quatro embarcações seguiriam um total de 148 a 170 pessoas.

O propósito da coroa portuguesa era, com a viagem de Vasco da Gama chegar por via marítima directa à Índia, permitindo assim eliminar os intermediários árabes, persas, turcos e venezianos no comércio de especiarias e outros bens preciosos com a Europa.

A viagem de Vasco da Gama à Índia é o tema da maior obra em língua portuguesa, o poema epopeico d'Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.

A homenagem da Montblanc ao Gama e, com ele, aos navegadores portugueses em geral, visa sublinhar os fracos meios de navegação de que dispunham - sendo o sextante, para determinar a latitude, o mais importante deles, e o nocturlábio um rudimentar processo de ler os céus. Mas numa altura em que a longitude ainda era impossível de determinar com precisão.

No hemisfério sul, Vasco da Gama e os outros navegadores usaram o Cruzeiro do Sul como ponto de orientação, aquilo que a estrela polar desempenhava no hemisfério norte.

"O sucesso da expedição de Vasco da Gama deve ser, em última análise, creditada à sua coragem, determinação, vontade de correr riscos mas, acima de tudo, à sua obsessão com a precisão", diz a Montblanc no lançamento da nova colecção.

A armada chegou a 4 de Novembro de 1497 à Baía de Santa Helena, na costa sudoeste de África. Vários dias depois, os navios portugueses fizeram um largo arco à volta do Cabo da Boa Esperança, ancorando a 25 de Novembro em Mosselbaai.

Vasco da Gama chegou a Calicute, na costa indiana do Malabar, a 20 de Maio de 1498. Pela primeira vez, era feito, a partir da Europa, o caminho marítimo para a Índia, à volta do sul de África. O mundo estava globalizado.

A 8 de Outubro de 1498 dá-se a viagem de regresso, com as naus carregadas de especiarias. O primeiro dos navios chega a Lisboa a 10 de Julho de 1499. O próprio Vasco da Gama chega à capital portuguesa a 9 de Setembro, sendo recebido triunfalmente na corte de D. Manuel I.

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