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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Histórico Stéphane Linder demite-se de CEO dos relógios TAG Heuer


Stéphane Linder acaba de se demitir de CEO da TAG Heuer, ano e meio apenas depois de ter assumido essa função. Um dos históricos da marca - estava há 21 anos na empresa - abandona assim um projecto que teve várias alterações estratégicas nos últimos tempos, sob a batuta de Jean-Claude Biver, o homem que coordena a divisão de Relojoaria do Grupo LVMH, a que a TAG Heuer pertence. Biver, aliás, ficará interinamente como CEO da marca.

Os comentários à demissão de Stéphane Linder nos blogues e sites especializados não se fizeram esperar - o seu afastamento, por moto próprio ou não, já há algum tempo que era aguardado. Isto porque a TAG Heuer, segundo os novos critérios impostos por Biver, reposiciona-se em termos de preços no pólo relojoeiro do LVMH (que tem ainda Zenith, Hublot, Bvlgari ou Louis Vuitton).

"Com esta nova política imposta por Biver, muitos quadros iam dizendo em privado que não estavam de acordo com o papel que caberia no futuro à TAG Heuer, na base da pirâmide, e esperam-se mais demissões de históricos da marca", dizia em reacção ao sucedido o W The Journal.

O caminho traçado por Biver para a TAG Heuer contradiz uma década de repocisionamento da marca para cima, sob a direcção de Jean-Christophe Banin (hoje CEO da Bvlgari), e de que o histórico Stéphane Linder foi o braço direito até o substituir.

Para melhor se compreender o que está em causa recorde-se que, pouco antes da Baselworld 2014, a TAG Heuer inaugura uma nova linha de montagem, numa nova fábrica, em Chevenez, para o fabrico do seu Calibre CH80, um cronógrafo automático de roda de colunas totalmente desenvolvido in house. Esse calibre iria equipar relógios numa escala de preços entre os 6 e os 8 mil euros.

Escassos meses depois, e sem mais explicações, a TAG Heuer anuncia o adiamento da produção do Calibre 80.

Recentemente, Jean-Claude Biver anunciava algo que poderia explicar o sucedido - a nova estratégia para Zenith, Hublot e TAG Heuer passava por uma nova política de reposicionamento, para que elas não se canibalizassem uma às outras. Assim, a TAG Heuer passaria a concentrar-se no segmento de entrada dos relógios de luxo, com preços entre os 1.500 e os 4.500 euros. Como os relógios equipados com o novo Calibre CH80 ultrapassariam essa margem, indo para cima dos 6 mil euros, todo o projecto foi cancelado.

Éntretanto, sabia-se que a TAG Heuer tinha despedido 49 funcionários da unidade de Chevenez, indicando que as coisas não estavam a correr bem, embora aí sejam também fabricados outros calibres mais baratos, como o 1887.

"Considerando isto tudo, a demissão de Linder não é uma surpresa", diz-nos Brice Goular, no Monochrome. "A situação é extremamente alarmante para a TAG Heuer, para o seu futuro desenvolvimento e para os seus empregados, especialmente quando estamos a 3 meses da Baselworld 2015".

"Temos que compreender que o LVMH é um grupo e que a sua estratégia é, no papel, inteligente e certamente eficiente", escreve Brice Goulart. "Biver é conhecido por ser um estratega brilhante. No entanto, o método usado e a maneira como foi comunicado é frustrante e revela pouca ou nenhuma paixão pela relojoaria. A TAG Heuer, juntamente com a Zenith e a Hublot, tornaram-se em mais uma máquina de fazer dinheiro para este grupo global de luxo", acusa o colaborador do Monochrome.

No final de 2013 entrevistámos Stéphane Linder em Paris, mal ele tinha chegado à liderança da TAG Heuer. Na altura, os projectos eram ambiciosos para "o rei dos cronógrafos". Leia aqui.

Tudo isto numa altura em que se especula sobre a possibilidade de a TAG Heuer estar a desenvolver um smart watch, que iria apresentar na Consumer Electronics Showcase de Las Vegas, no início de Janeiro. Segundo o Business Insider, o relógio terá um processador Intel.

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