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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Relógios & Canetas online Agosto - Editorial - O futuro do shoubiao


O future do shoubiao*

1. A desaceleração da economia chinesa está a reflectir-se nas exportações relojoeiras helvética – o primeiro mercado, Hong Kong (onde Macau se inclui, para fins estatísticos suíços), diminuiu 11,1 por cento no primeiro semestre do ano. A China continental, propriamente dita, teve uma desaceleração de 18,7 por cento. Muitas das compras dos chineses são feitas em terceiros países, quando viajam. Mas, estando a economia a desacelerar, também aí os efeitos se deverão fazer sentir.

2. A Suíça acaba, entretanto, de assinar um acordo de livre comércio com a China e isso trará consequências importantes para o sector relojoeiro helvético dentro de um ano, quando ele entrar em vigor.

As exportações relojoeiras suíças para a China totalizaram 1.653 milhões de francos em 2012, contra 740 milhões de francos em importações. Desse desequilíbrio comercial se pode avaliar o impacto que o acordo de livre comércio terá a médio prazo.

Em termos de valor, os relógios acabados representam 98 por cento das exportações do sector para a China. E, nos termos do acordado, deixará de haver impostos alfandegários neste tipo de artigo, com um período de transição de cinco a dez anos, conforme o tipo de produto. Actualmente, a relojoaria, como outros bems de luxo, é taxada a 60 por cento. Uma redução inicial de 18 por cento efectiva-se logo com a entrada em vigor do acordo, em meados de 2014.

Mas, mais importante do que isso, três tipos de relógios – automáticos de aço; automáticos de metais preciosos; e de quartzo sem leitura digital – que contam para 90 por cento do valor das exportações, beneficiarão de uma redução de 60 por cento de direitos alfandegários.

3. O sector foi surpreendido na véspera da abertura da Baselworld 2013, no final de Abril, com a notícia de que capitais chineses ( a sociedade China Haidian) tinham adquirido uma das marcas independentes mais fortes – a Corum. Isso fez soar os alarmes entre comentadores e agentes do mercado, que receiam o investimento chinês – por o considerarem especulativo (de curto prazo); por considerarem isso um perigo para o Swiss Made e para segredos tecnológicos que a indústria detém.

Antes da Corum, já tinham sido adquiridas marcas como a Milus, a Technotime, a Universal, a Codex ou a Eterna. Algumas delas, possuindo na fileira industrial o sector estratégico dos calibres. Assim, indirectamente, a Porsche Design, cujos calibres têm sido até agora fornecidos pela Eterna, passará também na prática para controlo chinês?

Os mais pessimistas vêm nesta ofensiva chinesa no sector do luxo ocidental uma perda de identidade, uma transferência de savoir-faire, uma perda do contacto com uma rede de clientes, que passa a estar à disposição dos chineses.

Fazem notar muitos observadores que o proprietário chinês – na generalidade, o asiático – tem normalmente a tendência de querer focalizar a sua estratégia de marketing segundo o contexto do seu próprio mercado. Mesmo que ele represente uma parte importante do seu volume de negócios, uma nova estratégia de comunicação assim dirigida irá “achinezar” a imagem de uma marca, penalizando-a em outras regiões do mundo.

A médio e longo prazo, poderá estar-se perante um ciclo vicioso – os chineses deixam de comprar, porque a marca já não lhes dá o estatuto aspiracional de luxo ocidental; os ocidentais deixam de comprar, porque a marca se massificou “à chinesa”.

De qualquer das formas, a China veio aparentemente para ficar. Como dono, ou como consumidor. Os chineses estão a caminho de comprar 30 por cento dos produtos de luxo produzidos no mundo, quando em 1995 compravam apenas 1 por cento…

*shŏubiăo (手表), relógio de pulso, em chinês

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