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domingo, 7 de outubro de 2012

Nas manufacturas Girard-Perregaux e JeanRichard


Estação Cronográfica esteve recentemente na manufactura Girard-Perregaux, em La Chaux-de-Fonds. Curiosamente, foi ali, há uns 15 anos, que fizemos o primeiro curso de iniciação à Relojoaria. Foi ali que, pela primeira vez, montámos e desmontámos um calibre mecânico. Depois disso, houve dezenas de outros mini-cursos, de outras formações em novos calibres e inovações técnicas, em outras manufacturas. Mas não há amor como o primeiro e... nunca nos esqueceremos dessa formação na GP, onde o mestre relojoeiro, no meio do Inverno suíço, visto de amplas janelas, se divertia a cobrar moedas para um mealheiro em forma de pinguim de cada vez que saltava uma peça ou se perdia um parafuso...


Outros factores nos ligam à Girard-Perregaux - por iniciativa do então importador da marca para Portugal, foi a GP que patrocinou a nossa primeira obra de vulto de investigação no sector. História do Tempo em Portugal - Elementos para uma História do Tempo, da Relojoaria e das Mentalidades em Portugal (Diamantouro, 2003) teve prefácio do então Presidente da República, Jorge Sampaio, e nota introdutória de Luigi "Gino" Macaluso, então Presidente do Sowind Group, a que pertence a Girard-Perregaux e outra marca, a JeanRichard.

Sempre mantivemos com Gino Macaluso uma relação excelente e a GP voltou a apoiar o nosso livro seguinte, Cronologia do Tempo em Portugal (Lagonda, 2004). Gino morreu em 2010, mas mantivemos contactos e relações cordiais com os filhos, Stefano e Massimo, que já nessa altura ajudavam o pai, em postos de direcção do grupo.

O grupo de luxo francês PPR, que já em vida de Luigi Macaluso tinha adquirido 23 por cento do capital do Sowind Group, anunciava em Julho de 2011 a tomada da maioria do capital. Iniciava-se uma nova fase na Girard-Perregaux, uma das mais antigas e respeitadas manufacturas relojoeiras helvéticas. De qualquer forma, Stefano e Massimo continuam na empresa, tomando directamente cada um conta da GP e da JR.

Uma das primeira decisões de mudança foi a de deixar o Salão Internacional de Alta Relojoaria, em Genebra. O SIHH (acrónimo em francês) tinha sido formado por iniciativa do Richemont Group, em reacção às condições deficientes da Baselworld, a maior feira do sector, que se realiza todos os anos em Basileia. A Girard-Perregaux e a JeanRichard ainda estiveram em Janeiro na edição deste ano do SIHH, mas em Abril de 2013 já regressam a Basileia, a uma Baselworld que, também ela renovada, ganhará assim mais força.

Durante a visita a La Chaux-de-Fonds, estes e outros assuntos foram abordados por nós com Michele Sofisti, novo CEO do Sowind Group. Sofisti tem um longo percurso no sector e pretende elevar o nome da Girard-Perregaux de novo ao topo da pirâmide da Alta Relojoaria  depois dos últimos anos de alguma indefinição. Dessa entrevista daremos conta proximamente.



A Girard-Perregaux remonta as suas origens a 1791 e a história da marca está pontuada por numerosas invenções e patentes, combinando design com estado da arte do ponto de vista tecnológico. O célebre Turbilhão com Três Pontes de Ouro, criado por Constant Girard no século XIX, e premiado com medalha de ouro em exposições universais, é uma das suas peças fetiche, fonte de inspiração perene.

A GP possui no seu portefólio um conjunto de calibres complicados, com mais de 100 variantes, fornecendo para terceiras partes, nomeadamente marcas do grupo PPR.





Michele Sofisti, CEO do Sowind Group


As várias assinaturas da Girard-Perregaux, ao longo de mais de dois séculos de história


Em cima e em baixo, o original do Turbilhão com Três Pontes em Ouro


Instalada igualmente em La Chaux-de-Fonds está a JeanRichard (inicialmente Daniel Jean Richard), tomando o nome de um dos pioneiros do fabrico em série de relógios na região.

Tanto a Girard-Perregaux como a JeanRichard mantêm museus separados adjacentes aos pólos de produção. Depois de um assalto, o museu GP encerrou, devendo reabrir proximamente. Quanto ao Museu Daniel Jean-Richard, ele foca mais a personagem do que propriamente os relógios contemporâneos da marca do Sowind Group. De qualquer forma, uma visita que vale a pena - o acervo é de grande qualidade, especialmente em ferramentas, e a disposição museológica muito interessante.

Parece-nos que o grupo PPR está verdadeiramente interessado em, no médio prazo, investir consideravelmente não apenas na Girard-Perregaux como na JeanRichard.

Depois de também anos mais recentes de alguma indefinição, a JeanRichard (que se muniu entretanto de um calibre próprio) deverá arrancar proximamente com uma nova estratégia, mais clara. As novidades deverão ser publicamente conhecidas em Novembro mas, pelo que vimos, ficámos verdadeiramente agradados - boa imagem corporate, redução de referências e modelos, melhoria da relação qualidade / preço.

Nas imagens em baixo, aspectos do Museu Daniel Jean Richard.





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