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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Diamantes sintéticos - um problema para a confiança do consumidor


Há já algum tempo que o problema tem sido abordado, de forma discreta, nos meios da joalharia internacional. Mas a recente posição pública do The New York Diamond Dealers Club (DDC) trouxe a escaldante questão para a praça pública - o que fazer com os diamantes sintéticos?

As regras da comunidade diamantífera requerem claramente que quem negoceie em diamantes sintéticos deva identificá-los e fazer referência a quaisquer outros tratamentos que as pedras tenham sofrido.

As palavras do Presidente do DDC, Reuven Kaufman, sobre o assunto: “The failure of members of our trade to identify synthetics can have a severe negative impact on consumer confidence in our business. Those who sell synthetics that are passed along as natural diamonds must be severely disciplined by the bourses that represent the organized international diamond community.”

Kaufman sublinhou que, se o sector não actuar rapida e concertadamente para que os diamantes sintéticos sejam claramente identificados, toda a indústria será irremediavelmente afectada.


Rui Galopim de Carvalho

Estação Cronográfica pediu a opinião do mais conceituado gemólogo nacional, Rui Galopim de Carvalho:

"Desde há uns anos a esta parte que a produção laboratorial de diamantes com qualidade gemológica, tanto coloridos (fabricados pelo método HPHT, de alta-pressão e alta temperatura e pélo método CVD - deposição química a valor, mais económico e em amplo desenvolvimento) como incolores (cada vez mais produzidos apenas pelo método CVD e em tamanhos variados, em regra abaixo de 1 quilate) preocupa a comunidade internacional do sector, em particular os diamantários e empresas mineiras. 


"Esta preocupação decorre, precisamente, dos argumentos agora divulgados por Rauven Kaufman e que tocam num tema muito caro que é o da confiança do consumidor. A quase virtual impossibilidade de, em contexto de retalho, o consumidor normal, e para todos os efeitos o comercial que faz o atendimento, poderem distinguir, visualmente, entre diamantes naturais e diamantes sintéticos, constitui uma matéria que, tal como refere, e bem, o presidente do Diamond Dealer's Club de Nova Iorque, implica total transparência e lisura de procedimentos em toda a cadeia de distribuição. 


Isto para que, quando o produto chega ao retalho e ao consumidor, venha com garantias de que o que se apresenta é, rigorosamente, o que está descrito, sejam estes diamantes naturais ou sintéticos que, diga-se, são visualmente tão atraentes como os demais e, reconheça-se, uma oportunidade de negócio muito interessante, tal como o foram as pérolas de cultura a partir dos anos 1920. 


A CIBJO, Confederação Mundial de Joalharia, é peremptória nestes casos, indicando a inequívoca declaração de identidade de todos os materiais que constituem uma jóia, incluindo as pedras e, no caso específico do diamante sintético, cada vez mais abundante e previsivelmente mais presente nos produtos, obrigando a que, em todos os documentos e comunicação de venda, seja declarado, repito, inequivocamente, que se trata de um material produzido em laboratório. 


No presente momento, e cada vez mais, a confiança do consumidor é instrumental para que o sector seja escolhido como fiável para as suas opções de compra em produtos desta natureza e a não regulamentação destas situações, a inexistência de penalidades (ora dependentes de legislações nacionais e, no caso das bolsas e clubes de diamantários, dependentes de determinações estatutárias), aliado a um eventual descontrole da situação a nível global, podem, precisamente, comprometer esta tão cara confiança."

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